terça-feira, 25 de novembro de 2008

Humor

Chico “Mão Leve”, Ibraim Dital e Manuel assaltaram um supermercado no subúrbio e fugiram pro interior do Brasil, uma cidade bem pequena, onde ninguém podia botar a mão neles. Chico era carioca. Ibraim não era e Manuel tinha vindo de Trás-os-Montes. 
Acontece que o delegado da região onde eles praticaram o assalto era um homem muito vivo, muito exigente, muito detalhista e não ia deixar as coisas ficarem assim. 
Em poucos dias tinha descoberto o paradeiro dos três malandros. 
Dois dias depois, ele recebeu um telegrama do colega: 
 “Prazê informá nóis prendeu os ladrão.” 
 O delegado ficou muito satisfeito com a eficiência do outro, mas passou-lhe um telegrama nos seguintes termos: 
 “Parabéns pelo trabalho pt Corrija o português pt” 
 Dizem que o pobre do Manuel está apanhando até hoje. 

 Ziraldo

Vai - de Ivan Ângelo

Quer ir? Vai. Eu não vou segurar. 
Uma coisa que não dá certo é segurar uma pessoa contra a vontade, apelar pro lado emocional. De um jeito ou de outro isso vira contra a gente mais tarde: não fui porque você não deixou, ou: não fui porque você chorou. Sabe, existem umas harmonias em que é bom a gente não mexer. Estraga a música. Tem a hora dos violinos e tem a hora dos tambores. Eu compreendo, compreendo perfeitamente. 
Olha, e até admito: você muda pra melhor. Fora de brincadeira, acho mesmo. Eu sei das minhas limitações, pensei muito nisso quando tava tentando te entender. É, é um defeito meu, considerar as pessoas em primeiro lugar. Concordo. Mas não tem mais jeito, eu sou assim. Paciência. Sabe por que eu digo que você muda pra melhor? 
Ele faz tanta coisa melhor do que eu! Verdade. Tanta coisa que eu não aprendi por falta de tempo, de oportunidade - ora, pra que ficar me justificando? 
Não aprendi por falta de jeito, de talento, essa é que é a verdade. 
Eu sei ver as qualidades de uma pessoa, mesmo quando é um homem que vai roubar minha namorada. Roubar não: ganhar. Compara. Ele dança muito bem, até chama a atenção. Campeão de natação, anda de bicicleta como um acrobata de circo, é bom de moto, sabe atirar, é fera no volante, caça e acha, monta a cavalo, mete o braço, pesca, veleja, mergulha... Não tem companhia melhor. Eu danço mal, você sabe. Não consegui ultrapassar aquela fronteira larga entre a timidez e a ousadia, entre a discrição e o exibicionismo, que separa o mau e o bom bailarinos. 
Nunca fui muito além daquela fase em que uma amiga compadecida precisava sussurrar no meu ouvido: dois pra lá, dois pra cá. Atravessar uma piscina eu atravesso, uma vez, duas talvez, mas três? Menino de cidade, e modesto, não tive córrego nem piscina. É com olhos invejosos que eu o vejo na água, afiado como se tivesse escamas. Moto? Meu Deus, quem sou eu. Pra ser bom nisso é preciso ter aquele ar de quem vai passar roncando na frente ou por cima de todo mundo - e esse ar ele tem. 
 O jeito como ele dirige um carro é humilhante. Já viajei com ele, encolhido e maravilhado. Você conhece o jeitão, essa coisa da velocidade. Não vou ter nunca aquela noção de tempo, a decisão, o domínio que ele tem. Cada um na sua. Eu troquei a volúpia de chegar rapidinho pelo prazer de estar a caminho. 
No amor também. Aí é que eu tou perdido mesmo, no capítulo da coragem. Ele faz e acontece, já vi. Mas eu? Quantas vezes já levei desaforo pra casa. Levei e levo. Se um cachorro late pra mim na rua, vou lá e mordo ele? Eu não. Mudo de calçada. Vai. Olha, não quero dizer que o que eu vou falar agora tenha importância pra você, que possa ter influído na sua decisão, mas ele tem mais dinheiro também, você sabe. Ele tem até, sabe?, aquele ar corajoso dos ricos, aquela confiança de entrar nos lugares. Eu não. Muito cristal me intimida. 
Os meus lugares são uns escondidos onde o garçom é amigo, o dono me confessa segredos, o cozinheiro acena lá do quadradinho e me reserva o melhor naco. É mais caloroso, mas não compensa o brilho, de jeito nenhum. Ele é moderno, decidido. Num restaurante não te oferece primeiro a cadeira, não observa se você tá servida, não oferece mais vinho. Combina, não é?, com um tipo de feminismo. 
A mulher que se sente, peça o que quiser, sirva-se, chame o garçom quando precisar. Também não procura saber se você tá satisfeita. Eu sei que é assim que se usa agora. Até no amor. Já eu sou meio antigo, ultrapassado, gosto de umas cortesias. Também não vou dizer que ele é melhor do que eu em tudo. Isso não. Eu sei por exemplo uns poemas de cor. 
Li alguns livros, sei fazer papagaio de papel, posso cozinhar uns dois ou três pratos com categoria, tenho certa paciência pra ouvir, sei uma ótima massagem pra dor nas costas, mastigo de boca fechada, levo jeito com crianças, conheço umas orquídeas, tenho facilidade pra descobrir onde colocar umas carícias, minhas camisas são lindas, sei umas coisas de cinema, não bato em mulher. E não sou rancoroso. Leva a chave para o caso de querer voltar.

FELICIDADE CLANDESTINA


Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.
Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade".
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E, completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.
Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança de alegria: eu não vivia, nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono da livraria era tranqüilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo.
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.
Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.

PERFUME DE MÃE


Esta é uma história de muitos anos atrás sobre uma professora primária. Seu nome era Dona Hilária. E enquanto estava em frente de sua classe da 5ª série, no primeiro dia de aula, disse uma mentira a seus alunos. Como muitas professoras, ela olhou para seus alunos e disse que os amava igualmente. Mas isto era impossível, pois ali, na 1ª carteira, estava sentado um garotinho chamado Luiz Alberto.
Dona Hilária já o havia observado no ano anterior e notou que ele brincava muito com as outras crianças, que suas roupas estavam amarrotadas e que ele constantemente precisava de um banho, além de que, às vezes, podia ser grosseiro. Chegou a um ponto em que a dona Hilária sentia prazer em apontar os erros nos seus trabalhos de casa e fazer grandes “X” com caneta vermelha, apresentando a ele um grande “F”.
Na escola onde Dona Hilária ensinava era obrigatória a pesquisa da vida escolar das crianças e ela colocou Luizinho por último. Mas quando finalmente ela pesquisou o currículo escolar dele, ficou surpresa.
A professora da 1ª série escreveu: “Luiz Alberto é uma criança brilhante e alegre. Ele faz suas tarefas bem feitas e sempre estão limpas. Tem boas maneiras. É uma alegria estar ao lado dele”.
A professora da 2ª série escreveu: “Luiz Alberto é um excelente aluno. É bem visto pelos colegas, mas está com alguns problemas, pois sua mãe está com câncer terminal e dentro de casa está sendo difícil”.
A professora da 3ª série escreveu: “A morte de sua mãe tem sido muito difícil para Luiz Alberto. Ele tenta fazer o melhor, mas seu pai não mostra muito interesse para a vida caseira e logo isto vai afetá-lo se alguma providência não for tomada”.
A professora da 4ª série escreveu: “Luiz Alberto está se retraindo e não mostra muito interesse para a escola. Ele não tem muitos colegas e às vezes dorme durante a aula”.
Neste momento a Dona Hilária percebeu o problema e envergonhou-se.
Ela sentiu-se pior quando os seus alunos trouxeram-lhe presentes de Natal, embrulhados em papéis bonitos com laços, com exceção de Luiz Alberto. Seu presente, que estava mal embrulhado em papel de supermercado era notado no meio dos outros. Algumas crianças começaram a rir quando, ao abrir o presente, a professora encontrou um bracelete de pedras com algumas faltando, e um vidro de perfume quase no fim. Mas, ela fez com que os alunos se calassem enquanto dizia como era bonito o presente que acabara de receber. Ela colocou o bracelete e também um pouco do perfume.
Luiz Alberto ficou após a aula na escola apenas para encontrar a Dona Hilária e dizer a ela: “Professora, hoje eu senti a fragrância de minha mãe na senhora.”
Depois que as crianças foram para a casa, ela chorou por uma hora. Naquele mesmo dia ela parou de ensinar leitura, escrita, aritmética. Em vez disso, ela começou a ensinar crianças.
Dona Hilária deu mais atenção a Luiz Alberto. Enquanto ela trabalhava com ele, a mente dele parecia vivida. Quanto mais ela o encorajava, mais rápido ele respondia. No fim daquele ano Luiz Alberto se tornou o melhor aluno da classe e, desta vez, ele se tornou o favorito dela.
Um ano depois ela encontrou um bilhete debaixo de sua porta, que era de Luiz Alberto, dizendo que ela ainda era a melhor professora que ele já teve.
Seis anos se passaram e ela recebeu um outro bilhete de Luiz Alberto. Ele escrevia que havia terminado o colegial e era o 3º melhor aluno da classe e que a Dona Hilária era sua professora preferida e a melhor que ele havia tido.
Quatro anos depois disto ela recebeu outro bilhete de Luiz Alberto, dizendo que as coisas às vezes ficaram difíceis, mas que continuou estudando e que muito em breve ele se formaria na faculdade com honras. Ele assegurou à Senhora Hilária que ela ainda era a melhor professora que ele havia conhecido.
Aí, mais quatro anos se passaram e uma outra carta chegou. Desta vez ele explicou que quando recebeu o bacharelado, decidiu ir um pouco mais longe. A carta explicava que ela continuava a ser a melhor professora e também a sua favorita. Mas, agora, o nome dele era um pouco maior: Dr. Luiz Alberto Pereira da Silva.
A história não termina aqui. Uma outra carta acabou de chegar nesta primavera. Luiz Alberto disse que havia conhecido a garota com quem irá se casar. Ele disse que seu pai havia falecido e que ele gostaria que a Dona Hilária sentasse no lugar de sua mãe durante a cerimônia do casamento.
 A Dona Hilária aceitou e, adivinhe o que aconteceu? Ela compareceu usando o bracelete que ele lhe deu e também o perfume que sua mãe gostava. Eles se abraçaram e Dr. Luiz Alberto cochichou no ouvido da Dona Hilária: “Obrigado por acreditar em mim. Obrigado por me fazer sentir importante e mostrar que eu podia fazer a diferença”.
A Dona Hilária, com lágrimas nos olhos cochichou também: “Luiz Alberto, você está errado. Você é quem ensinou que eu podia fazer a diferença. Eu não sabia ensinar até que conheci você”.

MOTO BOY



E aí tudo bem pessoal?
Eu sou moto boy né!
Como vocês podem ver tal!
Meu nome é Jackson Five!
É... i....
Eu vim aqui entregar uma coisa no programa do Jô, né.
E agora eu queria aproveitar a situação pra lançar um dilema pra vocês: o que a gente não pode detê-los, junte-se a eles. Entendeu?
Não! Isso é em relação a essa Megalópoles, né, tipo São Paulo, Nova York, Macxu Picthu. Essas cidades grandes, onde tem lance dos carros versus motos, né, porque, na real mesmo, você, vocês queria se livrar de nós, mas não vão!
Nós viemo pra ficar maluco! Nóis se prolifera. Entendeu? Morre 14 no dia, mas chega 30 na gangue. Mas pra falar a verdade mesmo na real, nóis também não queria que vocês existissem. Imagina a rua sem motos e sem carros?
Quem faz o trânsito são os carros, nóis costura. Mas quer se livrar de nóis mesmo? Deixa nóis passar. É só isso que nóis quer: passar. Vai um pouquinho mais pra cá... um pouquinho mais pra lá... ó fuhhhh, nóis passa, prometo que nem buzininha eu não dou. É chato buzininha, né! Irrita, é ou não é?
Imagina-os ne mim? Que você ouvem uma minha, eu ouço todas as minhas.
E aí a gente pega cada um... não vou genealizar não: mas você pega um tiozinho: o tiozinho tá aqui, ele acha, o sonho dele é morar no interior, né! Aí ele acha que ele já ta lá! Então ele ta aqui né fufuufu, pá vai trocar de narcha, né! Pó nessa ele já comeu meia pista! Se eu não buzino eu me ferro né! Aí vocês reclama que nóis quebra retrovisor. Nóis não quebra retrovisor! Nóis só retira os que não são utilizados.
Oh! Vou deixar um dilema, vou deixar um dilema aí pra vocês flexionarem:
- O que é a cidade vista de cima? De cima do viaduto, né, não é lá de cima não! A cidade é uma ferida encrustrada na crosta terrestre. Um organismo pulsante, memo! As avenidas são as artérias, as ruas são as veias, com os glóbulos vermelhos indo e vindo, indo e vindo... os faróis dos carros, né! Aí você pensa o que que é o moto boy? Bactéria? Vírus? Não, não é não! NÓS SOMOS LACTO BACILO VIVO.

 Grupo: Terça Insana

A importância de ouvir, falar, ler e escrever para a aprendizagem

Antes mesmo do nosso nascimento, a mãe, geradora da vida, já nos envolvia no mundo da linguagem, ou quando conversava conosco em seu ventre, em momentos de emoção, ou quando nos proporcionava carinho com meigas melodias e músicas e, até passando sua mão sobre a barriga. Todas as sensações eram vividas por nós, o feto intra-uterino. Uma vida que se envolava a partir de outra vida. Ao nascermos, a audição foi sendo aguçada e estimulada, pela voz da mãe, do pai e das outras pessoas que nos cercavam. Ouvir passou a ser estímulo ao ato da fala. Ouvir e falar são os antecedentes do mundo da leitura e da escrita. Estas atividades humanas que pressupõem as nossas relações com as outras pessoas: ou a oralidade, ou a escrita. Há quem defenda a concepção de que a linguagem é comunicação, o exercício da língua que falamos. Outros defendem a concepção de que a linguagem é a expressão do pensamento humano, mas este também pode ser exteriorizado por meio dos gestos, como o é para os mudo-surdos, mas para os analistas do discurso, a linguagem é interação humana, pois é por meio dela que nos interagimos com o Outro. E quem é o Outro? Para entendermos quem é esse Outro, devemos compreender que a Linguagem pode ser oral ou escrita: uma relação entre o sujeito que fala ou escreve com o sujeito que ouve ou lê. Ao assistirmos a televisão, o(s) seu(s) Outro(s) são os atores, os repórteres, os jornalistas, os apresentadores. Se você está lendo um texto escrito, seja no jornal, na revista, no livro da escola, no cartaz publicitário, no outdoor, na placa do trânsito, o Outro está representado pela pessoa que o escreveu, que enunciou o discurso escrito. Em ambos os casos, houve linguagem, pois aconteceu a interação humana entre um emissor e um receptor: de quem falou com quem ouviu, de quem leu com quem escreveu e num só código, a Língua Brasileira. Estudar a nossa língua pressupõe essa competência para saber falar, saber ouvir, saber ler e saber escrever com clareza e fluência para que qualquer leitor ou ouvinte da mensagem possa de fato compreendê-la. Vejamos: eu estou aqui agora teclando em meu computador, escrevendo sobre este assunto, que você irá ler. Neste caso, eu sou a emissora e você é meu receptor. Eu não sei quem você é, mas escrevi para que você com capacidade leitora e tantos outros possam ler e compreender o que estou falando, digo, escrevendo. Paulo Freire escreveu e proferiu em palestras, que antes da leitura da palavra, o homem já traz para a escola, seja adulto analfabeto ou criança ainda não alfabetizada, a leitura do mundo, que tem sua origem nas experiências de vida. Muitos homens e mulheres, por exemplo, nunca estudaram, não sabiam ler e escrever, mas sabem contar, sabem identificar uma dúzia, fazem leitura de placas. A leitura não envolve somente a leitura da palavra escrita, mas também dos gestos, das expressões faciais, dos símbolos, dos desenhos, da pintura, da escultura, da arte como um todo. A semiótica que é a ciência que investiga todas as linguagens possíveis tem como objetivo o exame dos modos de constituição de toda e qualquer linguagem seja artística ou não, como fenômeno de produção de significação e de sentido. Então, se você boceja durante uma missa ou culto, abrindo a boca, quem está do seu lado vai interpretar que você está com sono. Se o seu filho chega correndo na sala e você está com uma visita importante, mas sem perceber ele entra chorando e gritando palavras grosseiras, você dá aquela olhada de lado fecha o semblante e seu filho logo entende que você não gostou do comportamento dele. Um quadro, uma pintura, um filme no cinema ou na televisão, tudo que seja representado pela arte, pela oralidade ou pela escrita são objetos de estudo da semiótica. Os seres humanos só falam bem e escrevem bem, quando lêem ou escutam bons textos e discursos, com a linguagem da norma culta da língua. O adolescente que só fala gíria, que não lê e não escreve constantemente, não poderá, por conseqüência, produzir bons discursos orais ou escritos. A linguagem bem escrita e bem falada só advém do leitor e do ouvinte de linguagem bem elaborada tanto na oralidade como na escrita. Ler jornal significa estar informado por meio da leitura, que busca levar ao leitor uma linguagem clara e possível de ser compreendida. LEIA sempre, mas leia bons textos e se ocupe em ouvir pessoas que falem bem, porque inconscientemente irá assimilando bons discursos que resultarão na concordância e regência das palavras da sua oralidade e escrita. 

Shirlene Álvares é professora universitária de Língua e Literatura Brasileira, Contadora de Histórias do Centro de Estudo e Pesquisa “Ciranda da Arte” e do Grupo GWAYA. e-mail: shialvares@gmail.com

Como será daqui pra frente?

Uma professora de português pediu à amiga escritora que criasse um conto ou crônica utilizando as novas regras ortográficas para trabalhar com seus alunos adolescentes. A escritora, depois de muito relutar, acabou cedendo aos insistentes apelos da amiga. No dia da apresentação da aula, os alunos estavam mais dispersos que o normal. A professora chegou a pensar em mudar o tópico, mas as férias estavam chegando e a matéria andava atrasada. A professora notou que aos poucos seus alunos participavam da aula, fazendo comentários ou complementando alguma parte do texto. Durante as aulas que vieram depois, surgia um comentário ou outro que trazia a crônica novamente à baila, que era rapidamente integrada à matéria do dia. A turma evoluiu. As provas mostraram que as novas regras ortográficas foram bem assimiladas pela turma, que obteve a melhor média de notas da escola. Outra professora resolveu utilizar a crônica em outra escola. O resultado foi animador. A crônica “Como será daqui pra frente?” “Estive vendo as novas regras da ortografia. Na verdade, já tinha esbarrado com elas trilhares de vezes, mas apenas hoje que as danadas receberam uma educada atenção de minha parte. Devo confessar que não foi uma ação espontânea. Que eu me lembre, desde o ano retrasado que uma amiga me enche o saco para escrever a respeito. O faço com a esperança de que diminua o volume de e-mails e torpedos que ela me envia. Em suma, que as novas regras ortográficas a mantenham sossegada por um bom tempo. Cai o trema! Aliás, não cai... Dá uma tombadinha. Linguiça e pinguim ficam feios sem ele, mas quantas pessoas conhecemos que utilizavam o trema a que eles tinham direito? Essa espécie de "enfeiação" já vinha sendo adotada por 98% da população brasileira. Resumindo, continua tudo como está. Alfabeto com 26 letras? O K e o W são moleza para qualquer internauta, que convive diariamente com Kb e Web-qualquercoisa. A terceira nova letra de nosso alfabeto tornou-se comum com os animes japoneses, que tem a maioria de seus personagens e termos começando com y. Esta regra tiramos de letra. O hífen é outro que tomba, mas não cai. Aquele tracinho no meio das vogais, provocando um divórcio entre elas, vai embora. As vogais agora convivem harmoniosamente na mesma palavra. Auto-escola cansou da briga e passou a ser autoescola, auto-ajuda adotou autoajuda. Agora, pasmem! O que era impossível tornou-se realidade. Contra-indicação, semi-árido e infra-estrutura viraram amantes, mais inseparáveis que nunca. Só assinam contraindicação, semiárido e infraestrutura. Quem será o estraga-prazer a querer afastá-los? Epa! E estraga-prazer, como fica? Deixa eu fazer umas pesquisas básicas pela Internet. Huuummm... Achei! Essas duas palavrinhas vivem ocupadíssimas, cada uma com suas próprias obrigações. Explicam que a sociedade entre elas não passa de uma simples parceria. Nem quiseram se prolongar no assunto. Para deixar isso bem claro, vão manter o traço. Na contra-mão, chega um paraquedista trazendo um paralama, um parachoque e um parabrisa - todos sem tracinho. Joguei tudo no porta-malas pra vender no ferro-velho. O paraquedista com cara de pão de mel ficou nervoso. Só acalmou quando o banhei com água-de-colônia numa banheira de hidromassagem. Então os nomes compostos não usam mais hífen? Não é bem assim. Os passarinhos continuam com seus nomes: bem-te-vi, beija-flor. As flores também permanecem como estão: mal-me-quer. Por se achar a tal, a couve-flor recusou-se a retirar o tracinho e a delicada erva-doce nem está sabendo do que acontece no mundo do idioma português e vai continuar adotando o tracinho. As cores apelaram com um papo estranho sobre estarem sofrendo discriminações sexuais e conseguiram na justiça, o direito de gozarem com o tracinho. Ficou tudo rosa-choque, vermelho-acobreado, lilás-médio... As donas de casa quando souberam da vitória da comunidade GLS, criaram redes de novenas funcionando por 24hs, para que a feira não se unisse sem cerimônia aos dias da semana. Foram atendidas pelo próprio arcanjo Gabriel que fez uma aparição numa das reuniões, dando ordens ao estilo Tropa de Elite: - Deixe o traço! Deu certo. As irmãs segunda-feira, terça-feira e as demais, mantiveram o hífen. Os médicos e militares fizeram um lobby, gastaram uma nota preta pra manter o tracinho. Alegaram que sairia mais caro mudar os receituários e refazer as fardas: médico-cirurgião, tenente-coronel, capitão-do-mar. Uma pequena pausa para a cultura, ocasionada pelo trauma de ler muitas pérolas do Enem e Vestibular. Só por precaução... Almirante Barroso não tem tracinho. Assim era chamado Francisco Manuel Barroso da Silva. Sim, o cara era militar da Marinha Imperial. Foi ele quem conduziu a Armada Brasileira à vitória na Batalha do Riachuelo, durante a Guerra da Tríplice Aliança. No centro do Rio de Janeiro há uma avenida com seu nome (Av. Almirante Barroso). Na praia do Flamengo, há um monumento, obra do escultor Correia Lima, em cuja base se encontram os seus restos mortais. Fim da pau. Acho que algumas regras pra este tracinho, até que simpático, foram criadas por algum carioca apaixonado. Será que Thiago Velloso e André Delacerda tiveram alguma participação nas novas regras? O R no início das palavras vira RR na boca do carioca. Não pronunciamos R (como em papiro, aresta e arara), pronunciamos RR (como em ferro, arraso e arremate). Falamos rroldana e não roldana, rrodopio e não rodopio, rrebola e não rebola. Pois bem, numa das tombada do hífen, o R dobra e deixa algumas palavras com jeito carioca de ser: autorretrato, antirreligioso, suprarrenal. Será fácil lembrar desta regra. Se a palavra antes do tracinho (nem vou falar em prefixo) terminar com vogal e a palavra seguinte começar com R é só lembrar dos simpáticos e adoráveis cariocas. Mais uma coisinha: a regra também vale para o S. Fico até sem graça de comentar isso, pois todos sabemos que o S é um invejoso que gosta de imitar o R em tudo. Ante-sala vira antessala, extra-seco vira extrasseco e por aí vai... Quem segurou mesmo o hífen, sem deixá-lo cair, foram os sufixos terminados em R, que acompanham outra palavra iniciada com R, como em inter-regional e hiper-realista. Estes tracinhos continuarão a infernizar os cariocas. O pré-natal esteve tão feliz, rindo o tempo todo com o pós-parto de uma camela pré-histórica que ninguém teve coragem de tocar no tracinho deles. Já o pró - um chato por natureza foi completamente ignorado. Só assim manteve o tracinho: pró-labore, pró-desmatamento. A vogal e o h não chegaram a nenhum acordo, mesmo com anos de terapia. Permanecem de cara virada um pro outro: anti-higiênico, anti-herói, anti-horário. Estou começando a achar que as vogais são semi-hostis com as consoantes... O interessante é que as vogais quando estão próximas umas das outras, não tem essa de arquiinimigas. Fizeram lipo juntas e conquistaram uma silhueta antiinflacionária de microorganismo. Sumiram todos os tracinhos, notaram? Vogal-vogal, com as novas regras ficam magrinhas: microondas, antiibérico, antiinflamatório, extraescolar... Uma inovação interessante: - Podem esquecer o mixto, ele foi sumariamente despedido. Puseram o misto no lugar dele. Fiquei bolada com essa exceção: o prefixo co não usa mais hífen. Seguiu os exemplos de cooperação e coordenado, que sempre estiveram juntas. Não estou me lembrando no momento, de nenhuma palavra que use co com tracinho. Será que sempre escrevi errado? Quem diria que o créu suplantaria a ideia!? Teremos que nos acostumar com as ideias heroicas sem o acento agudo. Rasparam também o acento da pobre coitada da jiboia. O acento do créu continua porque tem o U logo depois. Pelo menos a assembleia perdeu alguma coisa... Resta o consolo em saber que continuamos vivendo tendo um belíssimo céu como chapéu.” Crônica “Como será daqui pra frente?” De: Elida Kronig

domingo, 2 de novembro de 2008

Como elaborar um Projeto Interdisciplinar de Leitura

Apesar de o currículo dos cursos contemplarem um leque de disciplinas de outras áreas (multidisciplinaridade), muitas vezes como disciplinas optativas, a estrutura disciplinar impede que os respectivos docentes se articulem e articulem seus conhecimentos.





A transdisciplinaridade é a busca do sentido da vida através de relações entre os diversos saberes (ciências exatas, humanas e artes) numa democracia cognitiva. É uma busca do conhecimento globalizante, rompendo com as fronteiras das disciplinas. Integrar conhecimentos apenas não é suficiente, é necessária uma postura e atitudes interdisciplinares. Atitudes de busca, envolvimento, compromisso, reciprocidade diante do conhecimento. Nos projetos educacionais a interdisciplinaridade se baseia em alguns princípios, entre eles: 
1o- Na noção de tempo: o aluno não tem tempo certo para aprender. Não existe data marcada para aprender. Ele aprende a toda hora e não apenas na sala de aula. 
 2º- Na crença de que é o indivíduo que aprende. Então, é preciso ensinar a aprender, a estudar etc. ao indivíduo e não a um coletivo amorfo. Portanto, uma relação direta e pessoal com a aquisição do saber. 
3º- Embora apreendido individualmente, o conhecimento é uma totalidade. O todo é formado pelas partes, mas não é apenas a soma das partes. É maior que as partes. 
 4º- A criança, o jovem e o adulto aprendem quando têm um projeto de vida e o conteúdo do ensino é significativo para eles no interior desse projeto. Aprendemos quando nos envolvemos com emoção e razão no processo de reprodução e criação do conhecimento. 
A biografia do aluno é, portanto, a base do seu projeto de vida e de aquisição do conhecimento e de atitudes novas. A metodologia do trabalho interdisciplinar implica em: 
 1º- integração de conteúdos; 
 2º- passar de uma concepção fragmentária para uma concepção unitária do conhecimento; 
 3º- superar a dicotomia entre ensino e pesquisa, considerando o estudo e a pesquisa, a partir da contribuição das diversas ciências; 
 4º- ensino-aprendizagem centrado numa visão de que aprendemos ao longo de toda a vida. A ação pedagógica através da interdisciplinaridade aponta para a construção de uma escola participativa e decisiva na formação do sujeito social. A visão transdisciplinar é completamente aberta, pois, ela ultrapassa o domínio das ciências exatas pelo seu diálogo e sua reconciliação não somente com as ciências humanas, mas também com a arte, a literatura, a poesia e a experiência interior. 
 Quando falamos em interdisciplinaridade, estamos de algum modo nos referindo a uma espécie de interação entre as disciplinas ou áreas do saber. Todavia, essa interação pode acontecer em níveis de complexidade diferentes. E é justamente para distinguir tais níveis que termos como multidisciplinaridade, pluridisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade foram criados. Segundo os PCN, A interdisciplinaridade supõe um eixo integrador, que pode ser o objeto de conhecimento, um projeto de investigação, um plano de intervenção. Nesse sentido, ela deve partir da necessidade sentida pelas escolas, professores e alunos de explicar, compreender, intervir, mudar, prever, algo que desafia uma disciplina isolada e atrai a atenção de mais de um olhar, talvez vários (BRASIL, 2002, p. 88-89, grifo do autor). 
A prática da interdisciplinaridade possui uma linha de trabalho integradora que pode agregar um objeto de conhecimento, um projeto de investigação, um plano de intervenção. Quando problematizamos uma situação, o problema causador do projeto, pode ser uma experiência, um desencadeamento de ação para interferir na realidade. Devemos nos conscientizar que o projeto é interdisciplinar em sua compreensão, cumprimento e avaliação. 
 A interdisciplinaridade envolve a contextualização do conhecimento, que mantém uma relação fundamental entre o sujeito que aprende e o componente a ser aprendido, evocando fatos da vida pessoal, social e cultural, principalmente o trabalho e a cidadania. 
Quando os alunos participam da tomada de decisão a respeito de um tema ou de um projeto, é possível que constituam relações entre os novos conteúdos e os conhecimentos que já possuem, conseguindo aprendizagens mais significativas, comparando, criticando, sugerindo ajustes, novas relações e organizações, abrindo portas para a interferência em uma realidade, desencadeamento novas ações e, construindo um compromisso com uma cidadania ativa. 
A melhor maneira de fazer com que isso aconteça é através da interdisciplinaridade, que deve ir além da simples justaposição de disciplinas, ao interagimos em busca de objetivos comuns. Devemos através do trabalho pedagógico arrolar as disciplinas em atividades ou projetos de estudo, projetos de pesquisa e ação. 
A interdisciplinaridade poderá ser uma prática pedagógica e didática eficaz ao cultivarmos um diálogo constante de questionamento, de aprovação, de indeferimento, de acréscimo, e de transparência de percalços não apontados. 
Na interdisciplinaridade os alunos aprendem a visão do mesmo objeto sob prismas distintos, daí podermos utilizar a contação de histórias como um gerador de projetos interdisciplinares. Pois a história, sempre carrega vários conteúdos e conhecimentos, que podem ser explorados pelo professor ou por vários professores na escola. A intertextualidade é “um fenômeno constitutivo da produção do sentido e pode-se dar entre textos expressos por diferentes linguagens” (Silva, 2002). 
O professor deve, então, investir na idéia de que todo texto é o resultado de outros textos. Isso significa dizer que não são “puros”, pois a palavra é dialógica. Quando se diz algo num texto, é dito em resposta a outro algo que já foi dito em outros textos. 
Dessa forma, um texto é sempre oriundo de outros textos orais ou escritos. Por isso, é imprescindível que o professor leve o aluno a perceber isso. Assim, a utilização da intertextualidade deve servir para o professor não só conscientizar os alunos quanto à existência desse recurso como também utilizar um modo mais criativo de verificar a capacidade dos alunos de relacionarem textos. A intertextualidade ocorre em diversas áreas do conhecimento. 
À exemplo na literatura: Casimiro de Abreu “Meus oito anos” e Oswald de Andrade “Meus oito anos”. Aquele foi escrito no século XIX e este foi escrito no século XX. Portanto, o 2 texto cita o 1, estabelecendo com ele uma relação intertextual. 
 Meus oito anos Oh! 
Que saudade que tenho 
 Da aurora da minha vida, 
Da minha infância querida 
 Que os anos não trazem mais 
 Que amor, que sonhos, que flores 
 Naquelas tardes fagueiras 
 À sombra das bananeiras 
 Debaixo dos laranjas! 
 
Casimiro de Abreu 


 Meus oito anos Oh! 
Que saudade que tenho 
 Da aurora da minha vida, 
 Da minha infância querida 
 Que os anos não trazem mais 
Naquele quintal de terra 
 Da rua São Antônio 
 Debaixo da bananeira 
 Sem nenhum laranjais! 

 Oswald Andrade 

Para a elaboração de um projeto interdisciplinar de leitura, sugerimos: 
Elaboração de Projeto Interdisciplinar de Leitura 
1. Escolha da obra ou tema a ser abordado no livro literário escolhido. 
2. Elaboração do projeto em equipe. 
3. Estudo da obra, para destacar os elementos chaves que serão desenvolvidos ao longo da realização do projeto. 
4. Divisão de tarefas entre os docentes. 
5. Escrita e revisão do projeto. 
6. Apresentação do projeto ao corpo discente da escola (turmas envolvidas). 

 O Projeto deve ter os seguintes tópicos: 
I. Título do Projeto 
II. Objetivos ( no máximo 5) 
III. Conteúdo (especificar o conteúdo de acordo com os seguintes tópicos voltados para a obra, já que é um projeto interdisciplinar de leitura) 
1- Leitura (tipo de Texto que vai ser explorado) 
2- Competências Lingüísticas (o que poderá ser explorado de Linguagem – conhecimento gramatical) 
3- Produção de Textos (que trabalho será desenvolvido como produção textual a partir da obra) 
4-Temas Transversais (quais temas transversais poderão ser trabalhados) 
São eles: Orientação Sexual, Saúde, Trabalho, Consumo, Ética, Pluralidade Cultural, Meio Ambiente 
5- Interdisciplinaridade (que relação há entre este textos e outros textos) 
6- Que atividades poderão ser trabalhadas que se relacionam com outros conhecimentos: matemática, ciências, geografia, educação artística, etc. 
IV. Público Alvo Série – turmas – faixas etárias 
V. Proposta – Descrição da ação Passo-a-passo da execução do projeto (como será realizado) 
VI. Produto Final e Avaliação Que atividade será o ponto culminante do projeto e como será avaliada (que tópicos comporão a avaliação). 
VII. Proponentes Equipe elaboradora do projeto. 
Relatório Final do Projeto.

Contar Histórias - origem e histórico

A arte de contar histórias se desenvolveu desde os primórdios da humanidade, sendo intensificada na Grécia Antiga e nas histórias do Império Árabe – “As Mil e Uma Noites”, contadas por Sherazade, que circulam da Pérsia (séc. X) para o Egito (séc. XII), alcançando a Europa somente no (séc. XVIII). 
Sob a magia do contar, desafiando a imaginação do sultão, Sherazade salva a própria vida e a vida do reino, conquistando o coração de Shariar, pois como sabia ser ele um homem muito curioso, ela usava da contação das histórias um meio para sobreviver por mais uma noite. 
Todas as noites, começava uma história nova e só terminava seu enredo no dia seguinte... e por mil e uma noites conseguiu salvar a própria pele, ao fim das quais já tinha três filhos com o sultão, que resolveu poupá-la da morte. Mas só no século XVIII é que autores se voltaram para a produção de histórias infantis com os Irmãos Griim e Hans Cristhian Andersen. 
As primeiras histórias eram contos de fadas, em que a psicanálise dos contos se voltava para a formação ideológica da educação infantil, tinham pro objetivo educar as crianças. Após a Renascença, os contos maravilhosos perdem algumas características, e esse valor retorna somente no séc. XIX com as fábulas de La Fontaine. 
Hoje, e, principalmente, no Brasil temos um grande acervo que foge do mundo da psicanálise, partindo para a realidade e fantasia do mundo das crianças. Autores como Monteiro Lobato, Ana Maria Machado, Bartolomeu Campos Queiroz, Ruth Rocha, Marina Colasanti, Celso Sisto, e outros... é que vêm preconizando o desejo de desenvolver na criança pelo lúdico - o conhecimento. Pois, foi com este objetivo que Monteiro Lobato criou suas histórias, com cunho puramente didático. 
O uso da contação de histórias tem encontrado um espaço bastante amplo. Percebendo as inúmeras possibilidades de envolver a escola na leitura, pensando na importância da leitura prazerosa, integrada em todas as disciplinas, a contação de histórias, envolvida de significados e aprendizados. 

 SILVA, Shirlene Álvares

Qualidades de um bom reitor

Esta reportagem foi publicada no Diário da Manhã no dia 31 de outubro, página 14. QUALIDADES DE UM BOM REITOR Para escolher um bom reitor para a UEG, ou qualquer outra universidade, devemos considerar: O currículo do candidato e, no caso das universidades brasileiras, que seja pelo menos mestre (vamos valorizar nossa condição de educadores); As experiências de professor de ensino superior em cursos diferentes e disciplinas variadas, o que demonstra conhecimento e ensejo por estudo e pesquisa; Participação em projetos de pesquisa, de ensino e de extensão universitária; Conhecimento não somente da política das universidades estaduais, mas um conhecimento amplo em legislação das faculdades, centros universitários, universidades estaduais e federais; Um bom reitor deve conhecer toda a estrutura da universidade que vai administrar e, neste caso, inclusive de toda a legislação pertinentes a ela: estatutos, regimentos, legislações de Ensino Superior dos Conselhos Estadual e Nacional de Educação, documentos do CRUB, documentos da ABRUEM; Saber a importância da Avaliação Institucional e de avaliações como ENADE; Ter domínio e saber falar uma segunda língua é indispensável para um bom reitor; Ter artigos publicados em anais e congressos, trabalhos orientados, participação em bancas, dissertações, tese defendida... são atividades que um reitor não precisa somente conhecer, mas ter na prática a experiência e vivência universitária; Ter monografias orientadas por um reitor é grande importância para a universidade; Reeleger um reitor é um ato político, de escolha e autenticidade, mas a reflexão sobre em quem votar deve independer dos temores: Ai! Vou perder meu cargo! Porque a Universidade não é você, você é que faz parte da Universidade. O intelectual não pensa em si, (ato egoístico), mas pensa na instituição. E a Instituição é composta de pessoas, como eu e você. Uma forma de mudar o futuro da UEG está ao nosso alcance. É bem simples. Basta um voto. Basta escolhermos um bom reitor em 31 de outubro. Compare os currículos publicados na Plataforma Lattes dos candidatos em questão: 
Prof. Luiz Antônio Arantes 
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4739297Y6 Prof. 

Augusto Fleury Veloso da Silveira 

http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4700348A6 

Então, antes de se pensar em universidade nova, há que se pensar numa mudança de atitude dos profissionais que integram a universidade. O mais importante é disseminar o conhecimento e contribuir para a formação sólida dos alunos, e não fazer politicagem, ou adquirir o MEDO/RESPEITO de alguns professores, funcionários e acadêmicos. A eleição para Reitor é "democrática". Todos votam. Você acha que eu votaria em pessoa que não me deixe em liberdade para fazer o que eu quero? Portanto a maioria que não faz nada pela Universidade (que não publica, não participa no Ensino, Pesquisa e Extensão como devem, tem outros "bicos" ou prefere ficar em casa e "trabalhar" votaria em um Reitor com capacidade de fazer cobranças? Com certeza, para a UEG, neste momento em que o governo mais fecha portas e janelas, precisamos de um reitor que tenha a visão de pelas frestas achar soluções. Essa pessoa se chama Augusto Fleury Veloso da Silveira. Este é meu entendimento e apoio à sua candidatura, já que como Platão em o Mito da Caverna revela a Sócrates e, este, diz a Glauco: “... Ou, antes, já que o queres saber, é este, pelo menos, o meu modo de pensar, que só Deus sabe se é verdadeiro. Quanto à mim, a coisa é como passo a dizer-te. Nos extremos limites do mundo inteligível está a idéia do bem, a qual só com muito esforço se pode conhecer, mas que, conhecida, se impõe à razão como causa universal de tudo o que é belo e bom, criadora da luz e do sol no mundo visível, autora da inteligência e da verdade no mundo invisível, e sobre a qual, por isso mesmo, cumpre ter os olhos fixos para agir com sabedoria nos negócios particulares e públicos.”