segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Minha bagagem


Álvares, Shirlene

Coloquei numa sacola meus sentimentos perversos
Numa maleta, guardei sentimentos ruins
Ódio, vingança, inveja, desamor, as ofensas
Na mala, tranquei a chave, meu lado anjo
Amor, delicadeza, fé, amizade, solidariedade, compaixão...
Alegria, otimismo, esperança...
A sacola rasgou e minha perversidade ficou no chão,
foi pisoteada por algum ladrão
a maleta tinha um segredo, anotado em papel yes
o papel  evaporou,
e a maleta?
tá guardada não sei onde...
O tranca da mala desgastou de tanto abrir e fechá-la
Ora abre, ora trava...
Mas, busco nela o que preciso pra viver.
Sei que vivo capengando aqui, acolá...
Meio avessa ao que desejo... mas, o ladrão
Que pisou na sacola,
Ainda ronda a mala,
Quer roubar o que é minha essência,
Diz que meu eu o pertence...
Mas vou comprar uma mala nova
Mudar os meus guardados
E nunca mais vou deixar o ladrão se aproximar.
Deixo-o levar a sacola e a maleta...
Se prometer não devolver nada que lá está.


terça-feira, 6 de novembro de 2012

Rubem Alves - O papel do professor


As reflexões de Rubem Alves vai além do resultado de estudos de um educador. Ele fala muito da sabedoria de vida, dos cabelos brancos que deram sapiência em falar da educação. Admiro-o por isto.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Menina Bonita do Laço de Fita


Era uma vez uma menina linda, linda. Os olhos pareciam duas azeitonas pretas brilhantes, os cabelos enroladinhos e bem negros. A pele era escura e lustrosa, que nem o pelo da pantera negra na chuva. Ainda por cima, a mãe gostava de fazer trancinhas no cabelo dela e enfeitar com laços de fita coloridas. Ela ficava parecendo uma princesa das terras da África, ou uma fada do Reino do Luar. E, havia um coelho bem branquinho, com olhos vermelhos e focinho nervoso sempre tremelicando. O coelho achava a menina a pessoa mais linda que ele tinha visto na vida. E pensava:
- Ah, quando eu casar quero ter uma filha pretinha e linda que nem ela...
Por isso, um dia ele foi até a casa da menina e perguntou:
- Menina bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah deve ser porque eu caí na tinta preta quando era pequenina...
O coelho saiu dali, procurou uma lata de tinta preta e tomou banho nela. Ficou bem negro, todo contente. Mas aí veio uma chuva e lavou todo aquele pretume, ele ficou branco outra vez.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual é o seu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah, deve ser porque eu tomei muito café quando era pequenina.
O coelho saiu dali e tomou tanto café que perdeu o sono e passou a noite toda fazendo xixi. Mas não ficou nada preto.
- Menina bonita do laço de fita, qual o teu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah, deve ser porque eu comi muita jabuticaba quando era pequenina.
O coelho saiu dali e se empanturrou de jabuticaba até ficar pesadão, sem conseguir sair do lugar. O máximo que conseguiu foi fazer muito cocozinho preto e redondo feito jabuticaba. Mas não ficou nada preto.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual é teu segredo pra ser tão pretinha?
A menina não sabia e... Já ia inventando outra coisa, uma história de feijoada, quando a mãe dela que era uma mulata linda e risonha, resolveu se meter e disse:
- Artes de uma avó preta que ela tinha...Aí o coelho, que era bobinho, mas nem tanto, viu que a mãe da menina devia estar mesmo dizendo a verdade, porque a gente se parece sempre é com os pais, os tios, os avós e até com os parentes tortos.
E se ele queria ter uma filha pretinha e linda que nem a menina, tinha era que procurar uma coelha preta para casar.
Não precisou procurar muito. Logo encontrou uma coelhinha escura como a noite, que achava aquele coelho branco uma graça.
Foram namorando, casando e tiveram uma ninhada de filhotes, que coelho quando desanda a ter filhote não para mais! Tinha coelhos de todas as cores: branco, branco malhado de preto, preto malhado de branco e até uma coelha bem pretinha. Já se sabe, afilhada da tal menina bonita que morava na casa ao lado.
E quando a coelhinha saía de laço colorido no pescoço sempre encontrava alguém que perguntava:
- Coelha bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
E ela respondia:
- Conselhos da mãe da minha madrinha...

[de Ana Maria Machado, livro. ilustração: Claudius]


sábado, 3 de novembro de 2012

MELANCOLIA...

Autor: Dr. Thomaz Álvares da Silva

A vida incerta nos preocupa,
Como se fosse uma arapuca,
Que teima em querer nos pegar.
Lutando todos os dias,
Com os problemas de cada dia,
Querendo a vitória alcançar.

Se existem problemas ou conflitos,
Ficamos logo aflitos,
Temerosos buscam um lugar.
Aonde possamos refletir,
Os problemas que existir,
Querendo nos acalmar.

A vida é como a luz,
Quando acesa alegria produz,
Apaga-se perde o seu brilhar,
Vivos somos fontes de amor,
No entardecer da vida perdemos o calor,
E então vivemos a recordar.

Quando jovens nada conhecemos,
Lutamos contra tudo e não sabemos,
Pra onde vamos ou porque fiquemos.
Vem o dia, o mês, os anos e envelhecemos,
E então, as forças perdem,
E aí nada somos e a criança votemos.

A saudade que nos maltrata,
Traz-nos recordações ingratas,
De tudo aquilo que já passou.
Não me lembro se foi hoje ou ontem,
Sei que estava bem perto e defronte,
Morta, num caixão aquela que me gerou.

Esta lembrança que dentro de mim dói,
Fermenta, me arrasa e me corroí,
Fazendo a lagrima triste rolar.
Não sei se pela falta se teu amor,
Só sei que sinto uma grande dor,
E uma vontade eterna de chorar.

De manhã eu já temia,
Que algo ruim acontecia,
Pois, o povo aos pouco estava a chegar,
Logo foram te levando,
Os sinos ficaram tocando,
Os toques tristes e eu a soluçar.

Foi pra longe, eu bem sei o lugar,
Junto de Deus por certo há de estar,
É o que mais posso desejar a ti,
Fecho os meus olhos e a ti vejo,
Não sei se pelo o imenso desejo,
Minha MÃE, não se esqueça de mim...!




segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Mestre Ramesh


Certa vez, perguntei para o Ramesh, um de meus mestres na India:
- Por que existem pessoas que saem facilmente dos problemas mais complicados, enquanto outras sofrem por problemas muito pequenos, morrem afogadas num copo de água?
Ele simplesmente sorriu e contou-me uma história:
Era uma vez um sujeito que viveu amorosamente toda a sua vida. Quando morreu, todo mundo lhe falou para ir ao céu, um homem tão bondoso quanto ele somente poderia ir para o Paraíso. Ir para o céu não era tão importante para aquele homem, mas mesmo assim ele foi até lá.
Naquela época, o céu não havia ainda passado por um programa de qualidade total. A recepção não funcionava muito bem. A moça que o recebeu deu uma olhada rápida nas fichas em cima do balcão e, como não viu o nome dele na lista, orientou-lhe para ir ao Inferno.
E no Inferno, você sabe como é. Ninguém exige crachá nem convite, qualquer um que chega é convidado a entrar. O sujeito entrou lá e foi ficando. Alguns dias depois, Lúcifer chegou furioso às portas do Paraíso para tomar satisfações com São Pedro:
- "Você é um canalha! Nunca imaginei que fosse capaz de uma baixaria como essa. Isso que você está fazendo é puro terrorismo!"
Sem saber o motivo de tanta raiva, São Pedro perguntou, surpreso, do que se tratava. Lúcifer, transtornado, desabafou:
- "Você mandou aquele sujeito para o Inferno e ele está fazendo a maior bagunça lá. Ele chegou escutando as pessoas, olhando-as nos olhos, conversando com elas. Agora, está todo mundo dialogando, se abraçando, se beijando. O inferno está insuportável, parece o Paraíso!" E fez um apelo:
- "Pedro, por favor, pegue aquele sujeito e leve-o de lá!"
Quando Ramesh terminou de contar essa história, olhou-me carinhosamente e disse:
- "Viva com tanto amor no coração que se, por engano, você for parar no Inferno o próprio demônio lhe trará de volta ao Paraíso."
Problemas fazem parte da nossa vida, porém não deixe que eles o transformem numa pessoa amargurada. As crises vão estar sempre se sucedendo e às vezes você não terá escolha. Sua vida está sensacional e de repente você pode descobrir que sua mãe está doente; que a política econômica do governo mudou e que infinitas possibilidades de encrencas aparecem.
As crises você não pode escolher, mas pode escolher a maneira como enfrentá-las. E, no final, quando os problemas forem resolvidos, mais do que sentir prazer por ter encontrado as soluções, você terá se sentido bem consigo mesmo.
Autor desconhecido

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Pato Patareco de Daniel Adalberto
Antônio Torrado


           Havia um menino que se chamava Daniel. Daniel. E vivia numa casa assim
Redonda! Mas, o Daniel era um menino tão especial que um dia, quando a mãe dele lhe deu 3 moedas, ele resolveu ir no mercado comprar uma prenda. E, assim que entrou no mercado e olhou pro lado direito, lá estava: quá, quá, quá. Três moedas custou o pato. Ele foi pra casa e disse:
- A partir de hoje, tu vai chamar Patareco.
 Mas, o pato era especial também, um pato sabido. Sabia contar. E sempre que o Daniel ia pra escola ou precisava fazer contas, o pato fazia com ele. E a professora dizia:
- Vamos lá Daniel quanto é 2+2? E o pato com a pata.
- Quatro.

- Muito bem, Daniel.
Tudo corria bem. Nas histórias normalmente tudo corre bem! Até que um dia o Daniel acordou bem cedo, chamou a mãe, a mãe estava na cozinha. Tão vendo a mãe estava cozinhando

A mãe era uma grande doceira, fazia uns bolos.
Chamou a mãe e disse:
- Mamãe, não viste meu pato Patareco?
- Não, não vi.
Então, ele resolveu ir pelo caminho sempre a chamar:

- Pato Patareco! Pato Patareco! 
Mas, aí o Pato Patareco não apareceu. Foi então, que se lembrou que costumava brincar por um lago que havia lá perto e foi.



Foi sempre a chamar. Como ele chamava o pato:
- Pato Patareco! Pato Patareco!
Olhou com tanta atenção pro lago e o lago tinha uma ilha assim pequenininha cheia de pedrinhas assim redondas e luzidias.


E a água do lago era tão clara e tão pura! Que se conseguia ver as caldas do peixes e o Daniel sempre a procurar, como ele chamava?



- Pato Patareco! Pato Patareco! 
Ao fundo do lago havia uma floresta com árvores frondosas, mas ali o pato também não estava.

E ele já estava muito longe de casa quando escutou uma voz que chamava:
- Água fria!
Aí viu mais abaixo do lago duas tendas de campistas 


e desceu até lá. Então, perguntou a um homem se ele havia visto o Pato Patareco.
- Nem um pato e muito menos o Pato Patareco.



         O homem estava uma fera. Foi aí que ele ouviu de novo a voz da água fria da senhora

foi ver, já chegou logo perto. E era uma senhora que estava a estender roupa. Já havia estendido muita coisa: uma blusa, um vestido, meias, calça, lençóis...
 Mas, esta senhora também não havia visto o Pato Patareco. E o Daniel resolveu voltar pra casa

Voltou pra casa por este caminho. Deitou-se na sua cama redonda


Olha a cabeça do Daniel na cama. Tão vendo a dobrinha do lençol, era de riscas.


            Estava o Daniel a dormir, quando começou a vir um grande barulho. Lá fora, o vento começou a soprar . Ouvia-se uns trovões aqui. Os bichos daqui já estavam assustados! As vacas só faziam...... Os galos...... Os perus..... O portão só batia, batia e o Daniel teve que se levantar e teve que fechar a janela que tava assim aberta 
  



Foi aí que puxou e deu um nó bem apertado e só aí viu no seu pé estava o pato: quá, quá, quá que chorando com saudades dele.
E nesse dia, quando a professora perguntou as contas, o Daniel teve coragem: hoje vou fazê-las sem o Pato Patareco.
- Daniel vai lá. Hoje, vamos fazer a de multiplicar. – disse a professora. 2 X 2?
Daniel pensou, pensou.
- Quatro.
- E 4X4?
- Dezesseis.
- 3X3?
- Nove.
Foi assim que Daniel Adalberto aprendeu fazer contas com o Pato Patareco.


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

De qualquer jeito

De uma forma ou de outra
a vida gira e inventa uma nova estrada
corre de um jeito diferente rio acima
escurece quando o Sol queima em chama ardendo
e traz luz quando brilham milhões de estrelas no céu
a noite vida dia e o dia anoitece de vez em nossas vidas...

terça-feira, 22 de maio de 2012

Não é temperamento

SILVA, Shirlene Álvares da

Eu brigo,
faço escândalos,
sapateio,
fico irada,
indignada,
eu diria revoltada!
Porque vc não vem,
mas, quando vc chega e me beija,
desmorono e é só alegria!

em se falando de dança...

SILVA, Shirlene Álvares da 

às vezes sambo ouvindo ópera,
pagodeio com rock,
valso ao som do sertanejo,
bailo sempre em sua direção,
porque você dança dentro de mim e
sacode meus neurônios
pra sentir prazer e depois esmorecer...

sexta-feira, 27 de abril de 2012

O fim


De tanto imaginar,
Sonhei!
De tanto querer bem,
Amei!
De tanto implorar,
Compadeci!
De tanta dor,
Chorei!
Me acabei... prantos em vão!
As incertezas
Tomaram conta.
A frieza se enterneceu.
Cheguei ao fim!

SILVA, Shirlene Álvares da     às 23h58min     27/04/2012

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Um minuto...

Um minuto e bem pouco!
em  minuto  sonhos  acontecem...
Se concretiza, evapora!
Sobram lembrancas...
Uma dor contida,
Um desespero de outrora...
Agonia.
E ponto final!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Mentiras...

                                                                                  SILVA, Shirlene Álvares
Mentira, não é mentira o que disse...
É mentira o que fez...
Mentir não foi seu erro...
apenas uma vã estupidez...
Pra que mentir? querer ter o dom de iludir...
Se vai trair mesmo assim...
Causou dor...
E a verdade não veio...
Ficou turva , sem transparência.
O aspecto decência não estava
nem aqui, nem aí...
Pedi, implorei, tudo em vão...
Seu coração só conseguiu dizer NÃO.
Nem em letras garrafais viria um SIM.
Foi seu fim, uma morte sem nascer
que feriu, e doeu muito em mim!