Autoria: Shirlene Álvares
Narradora: Shirlene Álvares
“A beleza é passageira e a feiura é um bem que a gente tem pra vida inteira...”
Gabriel Pensador
Quando escrevi o conto “É possível mesmo sem a lâmpada de Aladim?” eu procurava uma história pra contar no espetáculo “Eros uma vez... – histórias de amor” de 2013, que falasse dessa busca eterna da mulher em se manter num padrão de beleza estereotipado. Um texto que criticasse a autoestima baixa que muitas mulheres têm por conta dos fatores estéticos. E toda essa preocupação deveria comungar com o fator do sonho de se casar, mas o desfecho tinha que surpreender. Escrevi a história. Para eu contar. Pra ser feliz, precisamos nos amar primeiro, do jeito que somos, podemos vez por outra até buscar cuidados especiais com saúde que repercuta na beleza, mas sofrer por estereótipos de padrão de beleza impostos pela sociedade machista e opressora, jamais! Saboreie a história.
Gabriel Pensador
Quando escrevi o conto “É possível mesmo sem a lâmpada de Aladim?” eu procurava uma história pra contar no espetáculo “Eros uma vez... – histórias de amor” de 2013, que falasse dessa busca eterna da mulher em se manter num padrão de beleza estereotipado. Um texto que criticasse a autoestima baixa que muitas mulheres têm por conta dos fatores estéticos. E toda essa preocupação deveria comungar com o fator do sonho de se casar, mas o desfecho tinha que surpreender. Escrevi a história. Para eu contar. Pra ser feliz, precisamos nos amar primeiro, do jeito que somos, podemos vez por outra até buscar cuidados especiais com saúde que repercuta na beleza, mas sofrer por estereótipos de padrão de beleza impostos pela sociedade machista e opressora, jamais! Saboreie a história.
É possível, mesmo
sem a lâmpada de Aladim?
Shirlene Álvares
Eram cinco
princesas. Uma se chamava Segunda Feira, a outra Terça Feira, a terceira se
chamava Quarta Feira, a quarta se chamava Quinta Feira e, é lógico, que a
quinta filha se chamava Sexta Feira. O pai era o Rei Domingo e a mãe a Rainha
Semana.
As filhas tinham
características bem diferentes uma das outras. A Segunda Feira era negra e
imaginava que nenhum príncipe branco de olhos azuis iria querê-la um dia.
A Terça Feira era
obesa e achava que nenhum príncipe se apaixonaria por uma mulher gorda como
ela!
Já a Quarta Feira
olhava-se no espelho e não acreditava: “Sou magra demais, seca. Como um
príncipe como o de Branca de Neve poderá abraçar uma esquelética como eu?”
A Quinta Feira era
anã e sardenta. Já a Sexta Feira era vesga e tinha pouquíssimo cabelo, e, ainda
por cima, usava um fundo de garrafa horrível!
Cada uma delas se
debruçava no colo da mãe e chorava, e chorava... porque todas sonhavam com um
príncipe encantado como os de Cinderela e Rapunzel.
A Sexta Feira nem
frequentava as aulas porque mesmo usando óculos, os colegas lhe chamavam de
zarolha. A Quinta Feira não via solução para seu tamanho, ficava indignada com
as roupas que nunca lhe cabiam, as de adulto eram grandes demais, as de criança
eram apertadas.
Cada uma tinha do
que reclamar. De que adiantava serem filhas do Rei Domingo e da Rainha Semana,
se nenhum príncipe se casaria com elas. De que adiantava o rei ser Rei se as
filhas eram cheias de complexos?
E, quando apareceu
por aquele reino, o príncipe Sábado, filho da rainha Terra e do rei Ano. Houve
uma festança. Mas, quem disse que as princesas apareceram no salão? A rainha
Semana quase enlouqueceu! E, foi neste dia, que apareceu na janela da Quinta
Feira um vendedor de quinquilharias e ofereceu-lhe uma lâmpada bem velha e
enferrujada.
Ela comprou por dó
do homem, que era maltrapilho.
Ele jogou a prenda
que custara apenas 10 moedas e a QF quase a deixou cair. Colocou-a na
penteadeira. Para sua surpresa nem precisou que a esfregasse e o Gênio saiu de
lá dançando um rap pronto pra balada:
Sou gênio dessa
lâmpada
Você agora é minha
ama
Três pedidos pode
fazer
E eu faço acontecer
O Gênio nem
precisou repetir.
- “Quero ser alta,
ser normal.”
Antes que ela
fechasse os olhos, estava com 1,80m. Nem acreditou! Olhou no espelho mais de
dez vezes e saiu correndo. Entrou no salão da festa em disparada. O príncipe já
havia partido. A família ficou atordoada com os gritos da princesa:
- É um milagre, um
milagre!
Jamais contaria que
era um gênio, o responsável por tamanha transformação!
A rainha Semana e o
rei Domingo ficaram sem palavras, mas felizes com a felicidade de QF. No
entanto, as irmãs não ficaram nada felizes. Pois, QF era agora, a melhor
concorrente do reino.
Na manhã seguinte,
apareceu um mascate, com a novidade praquele reino: o computador com internet e
facebook, twitter, instagram e wathsapp. A Terça, a Quarta Feira e a Sexta
empolgaram-se! A Terça conheceu a herbalife pela internet e parou de comer, só
tomava shake. A Quarta usou o photoshop para melhorar suas fotos e ficou linda!
Com alguns músculos e formas torneadas, arrumou vários namorados virtuais. A
Sexta marcou várias cirurgias com médicos de outros reinos, trocou os óculos
por lentes azuis de contato e fez pedido no mercado livre de vários apliques para
o cabelo.
Enquanto as irmãs
viajavam na internet, a QF pensava em um novo pedido, mas descuidou-se da
lâmpada. Quando se deu conta do sumiço, procurou, procurou e não encontrou. A
Senhorita Dia, serva do palácio, havia encontrado a lâmpada e esfregou-a
tentando lustrar. Foi quando o gênio apareceu... e dedicou a ela 3 pedidos. Ela
que não era boba nem nada, pediu que o gênio se transformasse em um lindo
homem, que fosse apaixonado por ela e que fosse rico. Num estalar de dedos o
gênio fez o pedido dela se tornar realidade. Com o dinheiro que tinha, o ex
gênio pediu srta. Dia em casamento, deu dinheiro para várias cirurgias e
procedimentos que a transformaram em uma deusa. Ela fez plástica, lipo, botox,
implante de cabelo, clareamento de dentes, silicone, etc, etc. As princesas da
Segunda até a Sexta Feira nem de longe ficaram bonitas como a srta. Dia. Esta
casou-se com o ex gênio e foram felizes pra sempre.
A segunda continuou
negra e continuava se vendo indesejada por qualquer príncipe de olhos azuis, até
o dia que fez um curso de modelo e virou top model. Nem preciso dizer quantos
homens caíram aos seus pés.
A Terça fez um
tratamento de reeducação alimentar, deixou a obesidade para traz e nunca mais
se preocupou em ter um príncipe. Mas, um dia, um ator de cinema esteve em seu
reino e a levou pra Hollywood.
A Quarta criou
vergonha e montou uma academia no palácio, o personal trainning dela era um
tipo entre Thiago Lacerda e Rodrigo Lombardi. Nem pensava mais em casamento.
A QF não encontrou
solução para as sardas, mas com seus 180 cms há quem diga que não atrapalhou em
nada o seu casamento com um conde de 50 anos, dono do reino que seria o maior
produtor de petróleo do mundo.
A Sexta estudou,
fez graduação, mestrado e doutorado e nem quer saber de casar.
Rainha Semana e rei
Domingo ainda torcem para que uma das filhas solteiras se case com o príncipe
Sábado. Já, o príncipe só quer saber de balada, não quer namorar, muito menos
casar. Bebe demais!
Moral dessa
história besta:
- Em pleno Séc.
XXI, não existem príncipes encantados, existe mulher apaixonada!
- Você não precisa
de um gênio para mudar-se por fora e por dentro. Precisa de atitude e de
dinheiro!
- Todos nós temos
defeitos se colocarmos os olhos dos outros como óculos da gente!
- Nem todo castelo
tem rei e rainha. Muito ser humano vive melhor sozinho!
- Namorar, amar,
casar, ser príncipe e princesa, pode ser maravilhoso nos contos de fadas,
pergunte ao colega do lado o que ele acha do casamento?
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