Assisti neste domingo a dois bons
filmes. O primeiro “O quarto de Jack” em que o narrador é um menino que começa sua
narração aos cinco anos de idade. O segundo filme “Mister PIP” a narrativa fica
por conta de uma adolescente negra. Em ambos os
filmes a ligação da criança narradora é muito forte com a mãe. NO Quarto
de Jack, a narrativa é de uma história que não foge da realidade que já ouvimos
nas tragédias televisivas. Um homem sequestra uma mulher e a tem em cativeiro
por 7 anos. Jack é fruto da relação que o homem mantinha com Joy a mãe do
menino, e a mãe só resolve contar a verdade ao menino que acha normal viver
naquele quarto somente com uma claraboia no tento que dá acesso à luz solar aos
cinco anos de idade, e é ele, o menino que a salva do cativeiro. Os resquícios psicológicos
são para mãe e filho um enfrentamento para reestabelecer a vida normal e
cotidiana. Já no filme “Mister PIP”, numa ilha, Matilda, uma negra, fica
envolvida pelas narrativas do único branco – o professor, da ilha que lê
durante as aulas obras de Charles Dickens.
Um filme retrata a ingenuidade de
quem sai de um cativeiro e desconhece o mundo, há o confronto entre o quarto
(prisão) e o mundo do lado de fora que ele precisa conviver e aprender a lidar
com tudo que não conhece aos cinco anos de idade porque não teve oportunidade,
já Matilda conhece somente a vida da ilha, mas as histórias narradas pelo
professor que faz o narrador de Charles Dickens Mister PIP, a leva a um mundo
de imaginação e anseio pela vida. Há uma frase no filme que dou destaque no que
se refere ao preconceito de raça, ela
pergunta ao professor como ele se ente sendo branco, e ele responde que só se
sente branco quando está com eles que são negros e devolve, ainda, a pergunta à
menina: e como você se sente sendo negra? Então ela percebe que só é negra
porque na ilha tem a presença dele que é branco.
Os dois filmes são dramas, estilo
que adoro! E ambos há muito a aprender, o menino tem que se adaptar ao mundo, já
que só viveu no ‘quarto’ até os cindo anos. Já a Matilda aprende ter esperanças
e usar imaginação. A privação de liberdade está latente nos dois filmes. O
menino Jack tem que dormir dentro guarda roupa pra que o carcereiro da mãe
possa ter relações com ela, e como pai, nunca aparece pra criança durante os
longos 5 anos, já, ela está presa na opressão de nunca poder dizer o que sabe e
pensa.
Quando a mãe morre, e Matilda vai
atrás do pai na Austrália, assim
A presença da escola no segundo
filme deixa claro que a educação informal traz sabedoria, mas que mesmo ela é
advinda de livros, no caso do filme, um livro literário.
A mãe de Jack estimula a
imaginação da criança dentro de um quarto ínfimo, contando histórias e cantando;
já a mãe de Matilda não a encoraja a
aprender e sonhar, mas o desfecho da história, Matilda reencontra o pai que lhe
dá dignidade.
A grande lição de ambos filmes é
que precisamos recuperar as histórias de
grandes esperanças! Mas, só fazemos isto agindo, sendo atores da história.
E quando assisto a filmes que me
provocam essa instigação de pensar sobre trajetórias de vida, fico compadecida
de saber que tantos seres humanos sofrem assim, suas vidas só dolorosas.
Sinto-me feliz deixar ser penetrada, atravessada vez por outro por dramas,
mesmo que fictícios, porque me torna mais humanística. E para encerrar a última
frase do livro Grandes Esperanças de Charles Dickens: “É terrível perder com
medo o próprio lar”.
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