Histórias para serem lidas, contadas e imaginadas... Sou escritora de mim mesma, mãe de 3 lindos filhos sem ser galinha choca. Acredito na educação, porque em cada história contada ou cantada, renovo-me de fé, já que a palavra escrita encanta, emociona, diverte e faz da alma da gente um mundo mais vibrante e cheio de inventividades. O mundo real vira coincidência do mundo fantástico... em que magia vira realidade! Shi...
terça-feira, 2 de junho de 2009
Os homens são complicados
IVAN MARTINS
É editor-executivo de ÉPOCA
As mulheres reservam para si mesmas o direito à complexidade, mas estão erradas. Homens também têm suscetibilidades, inseguranças e desconfortos
Almocei ontem com uma amiga que me deu uma aula de ignorância feminina sobre os homens. Coisa simples: o namoro dela acabou porque o rapaz deixou de transar direito. Faltava tesão, ou, pelo menos, faltava ereção.
Ali pelas tantas, drama instalado, o sujeito deu sua versão dos fatos: "Você é bonita demais, inteligente demais, e eu estou interessado demais. Enquanto era só uma transa eventual, não havia problema. Mas agora..."
Minha amiga despachou o rapaz, alegando conversa fiada. "Homem não tem dessas coisas", explicou, entre triste e impaciente, enquanto separava no prato a gordura da picanha. "Todo mundo sabe que homem é simples."
A atitude dela – que tem lá sua lógica – me fez lembrar a personagem Malena, de Almudena Grandes, sobre quem escrevi outro dia, nesta coluna. Malena resumia todas as disfunções e hesitações masculinas em uma única palavra: “mariconadas”. Bichices, em bom português.
Olho para a minha amiga, semi-oculta pelos óculos escuros, e percebo o óbvio: as mulheres reservam para si mesmas o monopólio da complexidade. Mulher sem tesão, OK. Homem sem tesão, esquisito. Mulher que não goza, OK. Homem que não goza, esquisito. Mulher paralisada entre o afeto e o desejo, OK. Homem afetado pelo mesmo dilema, esquisito.
Alguém decretou, faz tempo, que o gênero de Adão, quando se trata de sexo, é uma expressão matemática sem incógnita: diante do estímulo apropriado (um beijo na boca, a vista de um decote, uma conversa apimentada), espera-se que os machos da espécie se comportem de maneira previsível.
Eles deveriam avançar a um estágio mental dominado pelo cerebelo, no qual ocorreriam, nesta ordem, os fenômenos físicos da ereção, penetração e orgasmo. Tudo isso rapidamente. Preliminares, afinal, são perfunctórias, coisa de mulher. Já viu um filme sobre sexo de leões? É aquilo, com banda sonora. Leão não fala palavrão.
Claro: não é nada disso. Homens também têm suscetibilidades, inseguranças e desconfortos. Eventos aleatórios podem tirar um sujeito do roteiro biológico. Alguns desses eventos, como descobriu minha amiga, são de natureza sentimental: um homem intimidado pelas qualidades físicas ou sociais da amante (ou por seu afeto por ela) é um amante à beira do desastre.
Como se lida com isso? Vendas bilionárias de Viagra & Similares sugerem que os homens estão turbinando a si mesmos para evitar decepções. Mas não é isso que eles querem. Nem é isso que querem as mulheres. Elas se divertem imenso com as possibilidades do sexo anabolizado, mas ele não é a resposta para os problemas de uma relação duradoura.
As mulheres querem sentir-se desejadas. E amadas. E satisfeitas. Para isso, só há duas soluções de longo prazo: arrumar um sujeito que nunca falhe (só ouvi falar de dois, Ziraldo e Romário) ou entender que, no mundo da verdade, os homens são tão complexos quanto as mulheres. De um outro jeito, em outra direção, mas igualmente difíceis de prever e compreender. Ainda bem.
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