segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A lenda do preguiçoso


Diz que era uma vez um homem que era o mais preguiçoso que já se viu debaixo do céu e acima da terra. Ao nascer nem chorou, e se pudesse falar teria dito:
“Choro não. Depois eu choro”. Também a culpa não era do pobre. Foi o pai que
fez pouco caso quando a parteira ralhou com ele:
“Não cruze as pernas, moço. Não presta! Atrasa o menino pra nascer e ele pode crescer na preguiça e manhoso”.
E a sina se cumpriu. Cresceu o menino na maior preguiça e fastio. Nada de roça, nada de lida, tanto que um dia o moço se viu sozinho no pequeno sítio da família onde já não se plantava nada. O mato foi crescendo em volta da casa e ele já não tinha o que comer. Vai então que ele chama o vizinho, que era também seu compadre, e pede pra ser enterrado ainda vivo. O outro, no começo, não queria atender ao estranho pedido, mas quando se lembrou de que negar favor e desejo de compadre dá sete anos de azar...
E lá se foi o cortejo. Ia carregado por alguns poucos, nos braços de Josefina, sua rede de estimação.
Quando passou diante da casa do fazendeiro mais rico da cidade, este tirou o chapéu, em sinal de respeito, e perguntou:
“Quem é que vai aí? Que Deus o tenha!” “Deus não tem ainda, não, moço.
Tá vivo.”
E quando o fazendeiro soube que era porque não tinha mais o que comer, ofereceu dez sacas de arroz. O preguiçoso levantou a aba do chapéu e ainda
da rede cochichou no ouvido do homem:
“Moço, esse seu arroz tá escolhidinho, limpinho e fritinho?”
“Tá não.”
“Então toque o enterro, pessoal.”


E é por isso que se diz que é preciso prestar atenção nas crendices e superstições da ciência popular. 28 ESCOLA. CONTOS. Lenda recontada por Giba Pedroza,

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