sábado, 31 de dezembro de 2016

Amor Eletrônico


SILVA, Shirlene Álvares da
Ele era um cara musculoso de 22 anos, com cabelos castanhos; ela era loira deslumbrante em corpete tomara-que-caia branco e calça jeans. O paulista Michel e a goiana Daila se conheceram quando assistiam à queima de fogos de artifício e tomavam água de coco no réveillon de 2010 no Rio de Janeiro. Não foi exatamente amor à primeira vista, mas, depois de reclamarem juntos dos altos impostos que tinham que pagar, a química ficou evidente, ela se mudou para a casa dele em Sampa, e em meados de novembro se casaram.
Parece conto de fadas? Mas, realmente, aconteceu – quer dizer, aconteceu no Second Life, mundo virtual criado pelos usuários da Internet. Michel e Daila são nicks, e o par tem pelo menos 10 anos a mais do que tem no jogo, onde os participantes aparecem com versões em desenho animado deles mesmos – chamado avatars – e se comunicam por meio de mensagens.
Daila e Michel acreditavam mesmo que o amor deles fosse verdadeiro. Do jogo, envolveram-se também através do MSN em mensagens diárias e duradouras. É que Jorge, nome verdadeiro de Michel, trabalhava em uma empresa em São Paulo, que cuidava de toda a produção de softwares de uma rede de supermercados, então, ficava horas em frente ao computador. E Lana, nome real de Daila, trabalhava em uma produtora de propagandas em Goiânia.
Eles começaram a viver um romance cibernético, os sentimentos de um pelo outro era intenso e eles se sentiam apaixonados. Teclavam todos os dias, quando acordavam, ao meio dia e no fim da tarde. Ao anoitecer, ela sempre deixava recadinhos de amor off line: “Eu te amo!”, “Estou apaixonada!”, “I love you!, “Sou louca por você!”, isto porque neste horário ele alegava que estaria na faculdade fazendo pesquisas com novos programas na área de informática.
As conversas entre os dois se intensificaram e cada um contava ao outro sobre tudo: trabalho, rotina diária, pensamentos e sonhos. Começaram a planejar como seriam seus encontros além do mundo virtual, já que ela morava em Goiânia e ele em São Paulo. A distância até os separavam de corpos, mas os pensamentos...
Nunca usaram webcam, utilizavam o skype e o MSN para conversar pelo microfone e Lana estava encantada pela voz de Jorge e vice-versa. Ela imaginava-o como na foto do perfil, um tipo entre Luciano Szafir e Thiago Lacerda.
Após três meses de relacionamento diário, Jorge deu uma notícia de presente a Lana:
- Olha, meu amor, tem um Congresso em Brasília de Produção de Softwares e será daqui 15 dias, como você está aí perto, vamos nos encontrar por lá!?
- Sério, meu bem? Ah, eu irei sim! Esta é nossa chance de nos conhecermos pessoalmente!
- É vamos sair do mundo virtual...
O encontro aconteceria em 15 dias e Lana começou a premeditar como seria o momento, pois em seu perfil havia colocado a foto de uma modelo, linda e esguia. E, na verdade, ela era gordinha, não era acadêmica do curso de publicidade como falara para o amado, trabalhava com vendas. Tinha cabelos ondulados e castanhos, bem diferente da loira fictícia.
A ansiedade tomou conta de seus dias. Sempre que falava com Jorge, mantinha-se muda e distante, o medo do encontro real a atormentava. Eis que teve uma ideia, pedir à prima Ângela que morava em Brasíla e era loira, como havia descrito em seu perfil, para que fosse em seu lugar ao encontro:
- Mas, Ângela é só um encontro. Você vai em meu lugar e depois continuo teclando com ele pelo msn.
- Lana, você é doida e como vou conversar com ele, se nem sei do que vocês conversavam.
Como Ângela era segura e, além de tudo aventureira, acabou aceitando, já que o cara era um gato, valia o esforço!
Lana disse que enviaria os arquivos de toda conversa, durante aqueles três meses, por e-mail, para que a prima lesse e pudesse situar-se sobre o relacionamento. Disse isso e se retraiu:
- Não. Vou fazer melhor: vou uns dias antes para sua casa e conto sobre tudo que conversamos, combinado?
- Combinado.
Lana achou melhor fazer assim, pois veio à mente as conversas íntimas dos dois. Como deixaria a prima ter conhecimento de tudo? De todas as declarações como as que Jorge fizera, seria exposição demais!
Em Brasília, combinaram tudo, inclusive a explicação que daria a Jorge o fato de não ser a mesma pessoa da foto. Achava que ele a perdoaria, pois a prima era um avião! Enquanto Lana tinha seus 31 anos, Ângela se adequava a idade de 22 anos, descrita por ela em seu perfil. Feito isto, a prima compareceria em seu lugar e tudo resolvido.
Jorge chegou à capital federal numa sexta, por volta das 22h. Ao instalar-se no hotel, teclou horas com Lana. Ele também estava excitado com o encontro. Lana postou a foto da prima no lugar da anterior e contou a verdade (entre aspas)!
- Tudo bem, minha linda! Tá perdoada! Eu também tenho algo a te dizer, mas prefiro pessoalmente.
Naquela noite nenhum dos três dormiram, pois até a Ângela estava ansiosa, parecia que ia fazer parte da cena de uma novela.
A hora do encontro chegou, era meio dia. O local escolhido: o restaurante do hotel em que ele estava hospedado. O combinado: ambos estariam de jeans e camiseta branca (tipo Hering).
Como contar o que aconteceu? Lana sentou-se numa mesa escondida ao fundo e viu o seu amor virtual entrar e sentar-se. Suspirou com a imagem projetada à sua frente, ele era realmente ele! O mesmo da foto... corpo, cabelo, sorriso! Quando a prima entrou, Lana não acreditou, pois se sentia na pele e n’alma de Ângela.
Então, viu no rosto de Jorge um sorriso de quem vislumbrava com o que via. Jorge e Ângela se entreolharam, abraçaram-se e se entregaram em um beijo ardente. Naquele instante, a moça desmoronou em pranto, cálido e de arrependimento pela situação que criara. Queria estar sendo beijada no lugar da prima. Jorge aparentava seus 30 anos era tudo que projetara em suas conversas, mas era mais que isso, era afetuoso, o que ela percebeu na forma como tratava Ângela.
Lana não teve forças para manter-se no local, quando saiu, Ângela viu-a partir, mas, ficou ali enebriada pela companhia de Jorge. Aquilo sim! Foi amor à primeira vista.
Jorge fez questão de dizer logo o que o afligia, segurando as mãos de Ângela contou-lhe a verdade:
- Meu amor, o que tenho que revelar a você é muito chato, porque eu omiti de você que sou casado, eu tenho um casal de filhos. Mas, quero que saiba que estou apaixonado, vou separar de minha esposa pra ficarmos juntos.
Ele ia falando e Ângela mudou todo seu semblante pensando na prima e nela mesma, que já estava apaixonada.
- Por que mentiu pra mim? E agora? Como vou ficar sem você?
- Mas vou me separar e te levar pra Sampa. Lá arrumarei um emprego pra você e ficaremos juntos!
Houve um silêncio! O garçom trouxe a conta e subiram pro quarto dele.
Passaram a tarde juntos!
Ângela aproveitou! Estava fascinada! sentiu um misto de culpa e também de felicidade, porque sentiu o calor da paixão invadir todo seu corpo, não sabia como explicaria tudo à prima, mas queria viver a tórrida paixão com Jorge. Afinal, quem está na chuva é pra se molhar e quem mandou a prima envolvê-la naquela história?
Ela não revelou a verdade a Jorge, deixou que Lana o fizesse na esperança de que reencontraria o amado com o aval da prima.
Dois dias depois, após tomar conhecimento dos fatos, Lana criou coragem, ficou on line para Jorge no MSN e contou-lhe toda verdade. Mostrou fotos reais dela, da prima e até deu seu endereço do Orkut para que ele conhecesse todo seu perfil real. Jorge ficou frustrado e deletou-a. Não conseguiu ter contato com Ângela, que ficou em sua memória.
E o que restou a Lana foi escrever em seu status no Second Life:
Relacionamento: sem namorado!
21/04/2011

Na fazenda, em Jaraguá

Sobre mim

Eu cheia de mistérios
trancada nas palavras
fechadas no livro
quando foleio as páginas
há nelas
uma multiplicidade de mim
com a euforia de viver
de encontrar o amanhã
e descobrir que o futuro
é só um rascunho
passado a limpo...
E O FUTURO É ASSIM: concretizar sonhos planejados... então, que nos próximos dias, semanas, meses... todos meus amigos possam realizar seus planos rascunhados no pensamento... a vida não muda em horas, ou pela mudança automática do ponteiro no relógio, pra ter movimento a vida, precisamos de ATITUDE.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Por Cintia Duarte Montilla



Esconde esse absorvente
Essas espinhas
Arranca esses pelos
Da um jeito nesse seu cabelo duro
Mal cuidada

Porca

Feche esse sorriso
Sua mãe não te ensinou 
Sobre o perigo de andar sorrindo na rua?
Abaixa essa cabeça
Para de encarar
Você esta chamando atenção
Assim vão achar que você esta dando mole

Delicia
Gostosa
Oh la em casa
Fecha essa boca e não reclama
Saiu de casa de saia curta
Camisa decotada
Maquiagem
Sem um homem
Tem que aguentar

Como assim não sabe cozinhar?
Você é mulher
Tem que cuidar do lar
Como assim não quer engravidar?
Você é mulher
Tem que engravidar

Faculdade? Viagem?
Mas você é mãe
Tem que cuidar
Abriu as pernas, agora não adianta
Largar na creche 
Irresponsável

Mãe solteira? 
O pai foi embora? 
Não sabe quem é o pai?
Transou sem camisinha
Vai ter que aguentar
Vadia

Esse roxo ai
Tenho certeza que apanhou 
Que teu marido te bateu
Mas você mereceu
Provocou ele
Você sabe que não pode se levantar
Mulher tem que ser submissa
O homem é que comanda o lar

Ah, mas que criança linda
É uma menina? 
Toma aqui esse vestidinho rosa
Essa coberta de florzinhas
Pinta o quarto de rosa
Um rosa bem bonito
Porquê mulher é monocromática durante a infância

Ih, chegou a menarca
Essa vai dar trabalho
Ensina pra ela a se valorizar
Mulher tem que se dar ao respeito
Fala pra ela não deixar ninguém ver esse absorvente
Esse sangue sujo

Vai ter que começar a usar sutiã
Os mamilos estão aparecendo pela camisa
Que coisa horrível
Adolescente descuidada
A mãe dessa ai não ensinou nada

Foi estuprada?
Morreu no processo? 
Devia estar pedindo
Sem sutiã, andava sozinha
Aquele batom vermelho
Aquela bunda enorme
Não sabe que menina tem que ficar em casa?
Deu sorte pro azar

Não foi educada
A mãe era solteira
O pai estava é certo de ir embora
Se ela era assim com a filha, imagine com o marido

Não foi respeitada
Opressão? 
Imagine

Olha lá a mãe dela
Na beira do caixão 
Olhando pro rosto da filha
Sem cor, sem vida
Um futuro morto antes mesmo do nascimento
Filha de mãe solteira
Sem pai, sem respeito

Morreu tão jovem
Aos 17
Uma menina tão linda
Maldita sociedade
Espero que a mãe dela aprenda a lição
E não tenha mais filhos

Suicídio?
Mas ela poderia ter começado uma vida nova
Agora que tinha perdido a filha
Poderia terminar a faculdade
Arrumar um emprego
Mas era uma fraca
Era mulher
O destino, a vida, as possibilidades
As pessoas
Cavaram a cova e jogaram ela lá dentro

Vitimismo? Preconceito?
Abuso? Agressão?
Cala essa boca e vai lavar uma louça
Você tem uma delegacia só sua
Tem seus direitos
Não luta na vida
(Mas luta na rua)
Não morre na guerra
(Mas morre em casa)


sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Fizemos amor

O unicórnio voador que sempre sonhei,
com patas aladas e dorso encantado,
voando em círculos de infinita dimensão,
vislumbrei na retina de seus olhos,
no absoluto momento de emoção.

Meu corpo sobre seu corpo,
numa sinfonia de movimentos,
garimpou em nossos sentimentos,
um misto de desejo e razão.

Você deusa encantada,
eu, entidade deusada.
Nos misturamos,
num universo de tesão.

Cabotinos de todas as realidades,
colhemos em nossos corpos o êxtase da amplidão.
De suas pálpebras cerradas,
como cancela encantada,
unicórneos, borboletas e estrelas,
invadiram minha existência.

De meus olhos, como ponte levadiça,
unindo o absoluto e o impávido,
a absoluta intercepção de todos os mundos.
Seu unicórnio perpassou minha ponte,
cruzou se nossos mundos.
Instantaneamente para a eternidade,
Amei você

Semi Gidrão

domingo, 18 de dezembro de 2016

Poemeto de Joara Reis

Tereza ama uma menina 
Que triste pra Tereza!
Não amar um menino!
Não ser assim,
enfeitada de laço...
Não ser aceita
em todo espaço!

Miguel quer ser mulher!
Que triste pra Miguel!
Ter que ser
o que não é!

Vai Miguel! TROCA DE SEXO!
Você merece ser
O que quiser!

Joara Reis
uma nordestina arretada


sexta-feira, 8 de julho de 2016

É possível mesmo sem a lâmpada de Aladim?

Autoria: Shirlene Álvares
Narradora: Shirlene Álvares


“A beleza é passageira e a feiura é um bem que a gente tem pra vida inteira...” 
Gabriel Pensador
Quando escrevi o conto “É possível mesmo sem a lâmpada de Aladim?” eu procurava uma história pra contar no espetáculo “Eros uma vez... – histórias de amor” de 2013, que falasse dessa busca eterna da mulher em se manter num padrão de beleza estereotipado. Um texto que criticasse a autoestima baixa que muitas mulheres têm por conta dos fatores estéticos. E toda essa preocupação deveria comungar com o fator do sonho de se casar, mas o desfecho tinha que surpreender. Escrevi a história. Para eu contar. Pra ser feliz, precisamos nos amar primeiro, do jeito que somos, podemos vez por outra até buscar cuidados especiais com saúde que repercuta na beleza, mas sofrer por estereótipos de padrão de beleza impostos pela sociedade machista e opressora, jamais! Saboreie a história.

É possível, mesmo sem a lâmpada de Aladim?

Shirlene Álvares


Eram cinco princesas. Uma se chamava Segunda Feira, a outra Terça Feira, a terceira se chamava Quarta Feira, a quarta se chamava Quinta Feira e, é lógico, que a quinta filha se chamava Sexta Feira. O pai era o Rei Domingo e a mãe a Rainha Semana.
As filhas tinham características bem diferentes uma das outras. A Segunda Feira era negra e imaginava que nenhum príncipe branco de olhos azuis iria querê-la um dia.
A Terça Feira era obesa e achava que nenhum príncipe se apaixonaria por uma mulher gorda como ela!
Já a Quarta Feira olhava-se no espelho e não acreditava: “Sou magra demais, seca. Como um príncipe como o de Branca de Neve poderá abraçar uma esquelética como eu?”
A Quinta Feira era anã e sardenta. Já a Sexta Feira era vesga e tinha pouquíssimo cabelo, e, ainda por cima, usava um fundo de garrafa horrível!
Cada uma delas se debruçava no colo da mãe e chorava, e chorava... porque todas sonhavam com um príncipe encantado como os de Cinderela e Rapunzel.
A Sexta Feira nem frequentava as aulas porque mesmo usando óculos, os colegas lhe chamavam de zarolha. A Quinta Feira não via solução para seu tamanho, ficava indignada com as roupas que nunca lhe cabiam, as de adulto eram grandes demais, as de criança eram apertadas.
Cada uma tinha do que reclamar. De que adiantava serem filhas do Rei Domingo e da Rainha Semana, se nenhum príncipe se casaria com elas. De que adiantava o rei ser Rei se as filhas eram cheias de complexos?
E, quando apareceu por aquele reino, o príncipe Sábado, filho da rainha Terra e do rei Ano. Houve uma festança. Mas, quem disse que as princesas apareceram no salão? A rainha Semana quase enlouqueceu! E, foi neste dia, que apareceu na janela da Quinta Feira um vendedor de quinquilharias e ofereceu-lhe uma lâmpada bem velha e enferrujada.
Ela comprou por dó do homem, que era maltrapilho.
Ele jogou a prenda que custara apenas 10 moedas e a QF quase a deixou cair. Colocou-a na penteadeira. Para sua surpresa nem precisou que a esfregasse e o Gênio saiu de lá dançando um rap pronto pra balada:
Sou gênio dessa lâmpada
Você agora é minha ama
Três pedidos pode fazer
E eu faço acontecer
O Gênio nem precisou repetir.
- “Quero ser alta, ser normal.”
Antes que ela fechasse os olhos, estava com 1,80m. Nem acreditou! Olhou no espelho mais de dez vezes e saiu correndo. Entrou no salão da festa em disparada. O príncipe já havia partido. A família ficou atordoada com os gritos da princesa:
- É um milagre, um milagre!
Jamais contaria que era um gênio, o responsável por tamanha transformação!
A rainha Semana e o rei Domingo ficaram sem palavras, mas felizes com a felicidade de QF. No entanto, as irmãs não ficaram nada felizes. Pois, QF era agora, a melhor concorrente do reino.
Na manhã seguinte, apareceu um mascate, com a novidade praquele reino: o computador com internet e facebook, twitter, instagram e wathsapp. A Terça, a Quarta Feira e a Sexta empolgaram-se! A Terça conheceu a herbalife pela internet e parou de comer, só tomava shake. A Quarta usou o photoshop para melhorar suas fotos e ficou linda! Com alguns músculos e formas torneadas, arrumou vários namorados virtuais. A Sexta marcou várias cirurgias com médicos de outros reinos, trocou os óculos por lentes azuis de contato e fez pedido no mercado livre de vários apliques para o cabelo.
Enquanto as irmãs viajavam na internet, a QF pensava em um novo pedido, mas descuidou-se da lâmpada. Quando se deu conta do sumiço, procurou, procurou e não encontrou. A Senhorita Dia, serva do palácio, havia encontrado a lâmpada e esfregou-a tentando lustrar. Foi quando o gênio apareceu... e dedicou a ela 3 pedidos. Ela que não era boba nem nada, pediu que o gênio se transformasse em um lindo homem, que fosse apaixonado por ela e que fosse rico. Num estalar de dedos o gênio fez o pedido dela se tornar realidade. Com o dinheiro que tinha, o ex gênio pediu srta. Dia em casamento, deu dinheiro para várias cirurgias e procedimentos que a transformaram em uma deusa. Ela fez plástica, lipo, botox, implante de cabelo, clareamento de dentes, silicone, etc, etc. As princesas da Segunda até a Sexta Feira nem de longe ficaram bonitas como a srta. Dia. Esta casou-se com o ex gênio e foram felizes pra sempre.
A segunda continuou negra e continuava se vendo indesejada por qualquer príncipe de olhos azuis, até o dia que fez um curso de modelo e virou top model. Nem preciso dizer quantos homens caíram aos seus pés.
A Terça fez um tratamento de reeducação alimentar, deixou a obesidade para traz e nunca mais se preocupou em ter um príncipe. Mas, um dia, um ator de cinema esteve em seu reino e a levou pra Hollywood.
A Quarta criou vergonha e montou uma academia no palácio, o personal trainning dela era um tipo entre Thiago Lacerda e Rodrigo Lombardi. Nem pensava mais em casamento.
A QF não encontrou solução para as sardas, mas com seus 180 cms há quem diga que não atrapalhou em nada o seu casamento com um conde de 50 anos, dono do reino que seria o maior produtor de petróleo do mundo.
A Sexta estudou, fez graduação, mestrado e doutorado e nem quer saber de casar.
Rainha Semana e rei Domingo ainda torcem para que uma das filhas solteiras se case com o príncipe Sábado. Já, o príncipe só quer saber de balada, não quer namorar, muito menos casar. Bebe demais!


Moral dessa história besta:
- Em pleno Séc. XXI, não existem príncipes encantados, existe mulher apaixonada!
- Você não precisa de um gênio para mudar-se por fora e por dentro. Precisa de atitude e de dinheiro!
- Todos nós temos defeitos se colocarmos os olhos dos outros como óculos da gente!
- Nem todo castelo tem rei e rainha. Muito ser humano vive melhor sozinho!
- Namorar, amar, casar, ser príncipe e princesa, pode ser maravilhoso nos contos de fadas, pergunte ao colega do lado o que ele acha do casamento?


quinta-feira, 7 de julho de 2016

Por causo de amor por Shirlene Álvares




"Por causo de amor" é um texto de Alexandre Gaioto formado em Letras (UEM) e Jornalismo (CESUMAR). Mestre em Estudos Literários (UEM). Colaborou com o caderno de cultura dos jornais Correio Braziliense, Jornal do Brasil, Zero Hora, Gazeta do Povo, O Estado do Paraná, Folha de Londrina, Cândido e com as revistas Cult e Helena (Biblioteca Pública do Paraná). Um dos autores na "Antologia de Poetas Paranaenses" (Biblioteca Pública do Paraná). É repórter do jornal O Diário do Norte do Paraná, em Maringá.
Encontrei este texto no Blog pessoal dele: https://www.blogger.com/profile/00372...

Digo aos meus ouvintes que a história que me encontrou. Quando estava procurando um texto para o Espetáculo "Eros uma vez..." do ano do ano de 2013, essa história estava ali na tela do computador, e eu não pude me desviar dela. Ela fisgou-me e agradeço Alexandre Gaioto por tê-la escrito. Nem sei quantas lágrimas já se esvaíram por conta desta história!

História contada por Shirlene Álvares no Espetáculo "Eros uma vez..." - histórias de amor em junho de 2013.

Nada Além... com Maria do Carmo e Eugênio


domingo, 3 de julho de 2016

"O quarto de Jack" e "Mister PIP (uma grande esperença)


Assisti neste domingo a dois bons filmes. O primeiro “O quarto de Jack” em que o narrador é um menino que começa sua narração aos cinco anos de idade. O segundo filme “Mister PIP” a narrativa fica por conta de uma adolescente negra. Em ambos os  filmes a ligação da criança narradora é muito forte com a mãe. NO Quarto de Jack, a narrativa é de uma história que não foge da realidade que já ouvimos nas tragédias televisivas. Um homem sequestra uma mulher e a tem em cativeiro por 7 anos. Jack é fruto da relação que o homem mantinha com Joy a mãe do menino, e a mãe só resolve contar a verdade ao menino que acha normal viver naquele quarto somente com uma claraboia no tento que dá acesso à luz solar aos cinco anos de idade, e é ele, o menino que a salva do cativeiro. Os resquícios psicológicos são para mãe e filho um enfrentamento para reestabelecer a vida normal e cotidiana. Já no filme “Mister PIP”, numa ilha, Matilda, uma negra, fica envolvida pelas narrativas do único branco – o professor, da ilha que lê durante as aulas obras de Charles Dickens.
Um filme retrata a ingenuidade de quem sai de um cativeiro e desconhece o mundo, há o confronto entre o quarto (prisão) e o mundo do lado de fora que ele precisa conviver e aprender a lidar com tudo que não conhece aos cinco anos de idade porque não teve oportunidade, já Matilda conhece somente a vida da ilha, mas as histórias narradas pelo professor que faz o narrador de Charles Dickens Mister PIP, a leva a um mundo de imaginação e anseio pela vida. Há uma frase no filme que dou destaque no que se refere  ao preconceito de raça, ela pergunta ao professor como ele se ente sendo branco, e ele responde que só se sente branco quando está com eles que são negros e devolve, ainda, a pergunta à menina: e como você se sente sendo negra? Então ela percebe que só é negra porque na ilha tem a presença dele que é branco.
Os dois filmes são dramas, estilo que adoro! E ambos há muito a aprender, o menino tem que se adaptar ao mundo, já que só viveu no ‘quarto’ até os cindo anos. Já a Matilda aprende ter esperanças e usar imaginação. A privação de liberdade está latente nos dois filmes. O menino Jack tem que dormir dentro guarda roupa pra que o carcereiro da mãe possa ter relações com ela, e como pai, nunca aparece pra criança durante os longos 5 anos, já, ela está presa na opressão de nunca poder dizer o que sabe e pensa.
Quando a mãe morre, e Matilda vai atrás do pai na Austrália, assim
A presença da escola no segundo filme deixa claro que a educação informal traz sabedoria, mas que mesmo ela é advinda de livros, no caso do filme, um livro literário.
A mãe de Jack estimula a imaginação da criança dentro de um quarto ínfimo, contando histórias e cantando; já  a mãe de Matilda não a encoraja a aprender e sonhar, mas o desfecho da história, Matilda reencontra o pai que lhe dá dignidade.
A grande lição de ambos filmes é que precisamos recuperar  as histórias de grandes esperanças! Mas, só fazemos isto agindo, sendo atores da história.

E quando assisto a filmes que me provocam essa instigação de pensar sobre trajetórias de vida, fico compadecida de saber que tantos seres humanos sofrem assim, suas vidas só dolorosas. Sinto-me feliz deixar ser penetrada, atravessada vez por outro por dramas, mesmo que fictícios, porque me torna mais humanística. E para encerrar a última frase do livro Grandes Esperanças de Charles Dickens: “É terrível perder com medo o próprio lar”. 

quarta-feira, 22 de junho de 2016

História da Tereza Bicuda - manuscrito por Joaquim Militão





Tive a honra em conhecer pessoalmente Joaquim Militão, pai do meu compadre Dreine Militão. E esse manuscrito tem me acompanhado na trajetória de contar as histórias da Tereza Bicuda, uma das histórias da nossa Lendária Terra: Jaraguá. 

Lenda: O fantasma de Tereza Bicuda

Tereza Bicuda era uma moça de lábios grossos que lhe valeram o apelido de bicuda. Morava em Jaraguá, no Larguinho de Santana. Pessoa de maus bofes, tratava a mãe de forma absolutamente cruel: botava a velha para mendigar nas ruas, batia nela, humilhava. Um dia, chegou ao extremo da maldade e, diz o povo, colocou um freio de cavalo na bocada da genitora, montou, e nela andou montada à frente de todo o povo. Aquilo foi demais: a pobre mulher morreu mas, antes, excomungou a filha desnaturada.
No meio religioso e de extrema moralidade da antiga
Vila de Jaraguá, Tereza Bicuda era uma aberração social. Descrente, nunca visitava a igreja.
Quando era forçada a passar diante de alguma, virava o rosto e
praguejava baixinho. Trabalhava aos domingos. Pra que o povo visse que não respeitava as tradições eclesiásticas. Era a ofensa à consciência das velhas beatas, que diariamente frequentavam as igrejas e capelas de Jaraguá.
Um dia, Tereza Bicuda morreu.
Nem uma lágrima surgiu de algum olho cristão. Não merecia lágrimas nem piedade quem não soubera viver e não chamara o padre no seu último momento.
Era costume colonial enterrar os defuntos no corpo das igrejas. A
capelinha do Rosário, situada ao sopé de suave colina, sempre fora a depositária dos corpos pobres, que não podiam ter o luxo de serem enterrados dentro da matriz. Na capelinha do Rosário foi então enterrada Tereza Bicuda, sem cerimônia preliminar.
Por três noites consecutivas, ao soar da meia-noite, a população ouvia medrosa os gritos que soltava Tereza Bicuda pedindo que retirassem o seu corpo de dentro da capelinha. Ali não era o seu lugar na morte, como não fora em vida. À meia-noite em ponto, Tereza Bicuda saía do seu túmulo e percorria as ruas quietas da vila, gritando desesperadamente.
O terror gelava os que a ouviam. Daquela noite em diante, os notívagos viam sempre surgir lá no fim da rua um imenso vulto branco a correr, deixando cair das suas vestes sujas línguas de fogo, que enchiam o ar do cheiro desagradável de enxofre. Por onde passava, iam ficando os vestígios de seus pecados.
A grama queimada ou secava. Os animais traziam pelos sapecados.
O povo quis pôr um termo ao martírio que vinham sofrendo. E os homens mais corajosos da vila exumaram Tereza Bicuda e levaram seu corpo, já em vermes, para a serra de Jaraguá.
Ali, num lugar pedregoso o jogaram. Um forte cheiro de enxofre enchia o ar.
No local numa mais surgiu uma planta, mas também Tereza Bicuda não mais aterrorizou com seus gritos a pacata população jaraguaense.
Na Serra de Jaraguá existe ainda o local onde dizem que ela foi
enterrada, onde hoje há uma cruz de madeira. As pessoas dizem que lá possui um pé de caju assombrado e se você tentar pegar os frutos da árvore será atacado por um enxame de abelhas. Além disso, dizem também que nas noites de lua cheia se você tentar subir na Serra a própria Tereza Bicuda aparecerá pra você e lhe montará como ela fez com a sua mãe.