quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Coautores Coordenadores: Júnior, André e Álvares, Shirlene Capítulo 2 - QUEM PROCURA, ACHA Raquel sentia-se otimista e planejava uma nova vida. Tinha esperança de encontrar em Goiânia, o doador que pudesse salvar a vida de sua mãe. Logo no primeiro dia, seguiram para a clínica do doutor Renato, o médico indicado pelo doutor Gouveia. Quando chegaram, já era tarde e o médico havia ido embora. Somente no terceiro dia conseguiram uma consulta. Raquel pensou em contar ao médico a história de vida da sua mãe, mas resolveu que só responderia o que ele lhe perguntasse. Deixou que a mãe contasse sobre o irmão. Durante a consulta, doutor Renato disse: - Dona Luiza, o seu quadro clínico não é nada bom; temos que encontrar um doador o mais rápido possível. Sei que não será fácil, pois há pacientes meus que estão aguardando há muitos meses e ainda não conseguiram. Mesmo assim, temos que ter fé, sei que iremos encontrar um doador, pois o banco de medula óssea é de âmbito nacional. A senhora acredita que iremos conseguir? A sua confiança é muito importante no tratamento! Ela fez que sim com a cabeça. - Doutor, tenho uma esperança. Eu tenho um filho que pode ser doador, mas não sei onde ele está, pois o abandonei quando nasceu. Estou à procura dele. O senhor acha possível que ele seja compatível? – Dona Luiza não conteve as lágrimas. O médico explicou que nem sempre é necessário que o doador seja um filho, mas disse que haveria, sim, grandes possibilidades. (Rever a afirmativa) - A senhora tem ideia de como fazer para encontrá-lo? - Doutor, só tenho como referência o lugar onde moravam meus antigos patrões. Foi na porta deles que deixei meu filho. Durante o trajeto para casa, Rubens tentou por várias vezes iniciar um diálogo com as duas, mas não obteve sucesso: enquanto dona Luiza chorava baixinho, Raquel, com os nervos à flor da pele, indagava-se em silêncio: E agora? O que fazer? Por onde começar? Procuraria seu irmão? E se ele não pudesse ser doador? Enfrentariam a fila de transplante? - Raquel... Raquel... Raquel... - Desculpe-me, estava tentando por ordem nos meus pensamentos. Como e por onde vamos começar? Minha mãe disse que o bairro que os Albuquerque moravam fica perto de um tal Parque Areião. - Hummm! Existem três setores próximos ao Parque Areião: Pedro Ludovico, Bela Vista e Marista. Então, combinaram que quando começassem a procura, levariam dona Luiza para tentar reconhecer o lugar. Não demorou muito e foram ao antigo endereço. Ficaram surpresos com a linda mansão, tocaram a campainha e uma voz veio do interfone: - Oi! Quem é? O que deseja? - Sou Raquel, estou procurando Rita e José Paulo Albuquerque, eles ainda moram aqui? - Não conheço. Eu trabalho aqui há dois anos. Nenhum dos três conseguiu disfarçar a decepção, apesar de saberem que essa não seria uma tarefa fácil. Encaminharam-se à casa vizinha. Lá morava uma dentista que dona Luiza conhecia. Ela não estava e o filho de doze anos não soube falar sobre a família Albuquerque. Em casa, Raquel lembrou-se de Paulo César e pediu a Rubens que a ajudasse a localizá-lo, pois com a sua ajuda poderiam ter mais chances de encontrar o irmão. Ele lhe havia enviado seu endereço pelo MSN. Depois de tanto procurarem, conseguiram encontrar o prédio de Paulo César que, atualmente, estava morando sozinho. Era estudante, tinha dinheiro e não trabalhava; seu apartamento era bonito e chique. Lá eles comeram e acessaram a internet. Paulo César falou-lhes sobre o site do governo federal, o “QUEM PROCURA, ACHA” e Raquel perguntou do que se tratava. Paulo César explicou: - Você ainda não ouviu falar? É um site, criado há pouco tempo pelo governo federal, para pessoas que perderam alguma coisa, ou que há muito tempo não veem alguém da sua família, ou ainda, que tiveram algum objeto roubado: seu carro, por exemplo. Basta que entre nesse site e se cadastre nos links “QUEM PERDEU?” e “PERDEU O QUÊ?” deixando, assim, cadastrado o que você procura. Se algum internauta souber o paradeiro do seu irmão entrará em contato com você por meio do seu e-mail ou telefone. Não é complicado não! - Nossa! Eu não sabia disso. - Foi lançado na semana passada. Você não viu TV esta semana? - Ah, deve ter sido por causa de nossa mudança. Depois disso, Paulo César teve outra idéia: sugeriu a Raquel que criasse uma comunidade no Orkut e postasse todas as pistas possíveis do irmão, para que mais pessoas fossem envolvidas na sua busca. Rubens ficou retraído, sentia ciúmes da esperteza de Paulo César e da atenção que a moça dispensava ao novo amigo. Paulo César ou PC, como gostava de ser chamado, ajudou Raquel a fazer o cadastro do irmão no site “QUEM PROCURA, ACHA”, colocou o antigo endereço da casa dos Albuquerque, o nome do casal, a profissão de ambos e a idade que o rapaz teria nos dias atuais. Criou também uma comunidade no Orkut. Os três ficaram ansiosos e combinaram que depois continuariam as pesquisas e acompanhariam as novidades pela internet. Apesar de ser fim de ano, e de estar tentando adaptar-se à nova cidade e ao novo colégio, Raquel saía-se bem nos estudos: além das boas notas que trouxera da escola anterior, os professores gostavam muito dela. Era uma ótima aluna! Mas precisava arrumar uma ocupação que fosse remunerada para ajudar sua tia nas despesas da casa. Rubens ajudava no que podia, entretanto, pedir-lhe dinheiro seria aproveitar demais da situação! Então, Raquel voltou a catar latinhas. Com a ajuda do primo Márcio, realizava o trabalho no estádio Serra Dourada, em clubes, festas e outros eventos, enfim, aproveitava todas as oportunidades que tinha. Raquel tentava esconder isso de Rubens, pensava que o rapaz poderia ficar constrangido em ajudá-la se soubesse que ela continuava nas ruas. Semanas depois, ainda na fase de acomodação, dona Luiza começou, lentamente, o tratamento de quimioterapia. Continuava contando com o apoio de Rubens, que corria de um lado a outro, pois além de acompanhar Raquel e sua mãe ao hospital, tentava descobrir o paradeiro do irmão de sua amiga. Na escola, Raquel teve uma aula no laboratório de informática, aproveitou para entrar no MSN, e por sorte encontrou PC on line, perguntou sobre o cadastro no site “QUEM PROCURA, ACHA”, contou sobre o tratamento da mãe e que voltara a catar latinhas. Marcaram um encontro no final da aula. Foram até o hospital Araújo Jorge procurar o tio de Paulo César, doutor Marcílio, médico oncologista, que tinha o desejo de que o sobrinho também fizesse medicina. Ao entrarem no estacionamento, para surpresa de Raquel, encontraram com Rubens que saía da Faculdade. Ela nem teve tempo de explicar-lhe o que fazia ali, pois Rubens, magoadíssimo, acelerou o carro e sumiu avenida abaixo. No ambulatório, doutor Marcílio pediu a Raquel que marcasse uma consulta para que ele pudesse examinar a sua mãe, mas adiantou-lhe que não gostaria de interferir no trabalho do doutor Renato, por questões éticas.

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