quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Escreva e Aconteça - Raquel, Coragem e Determinação

Coautores Coordenadores: Júnior, André e Álvares, Shirlene Capítulo 7 - Descobrindo o amor Henrique ainda estava muito atordoado com os últimos acontecimentos. No caminho de volta, resolveu parar na casa de um dos seus amigos. Daniel era mais velho e um bom conselheiro. Precisava conversar com alguém sobre tudo o que estava acontecendo. Na conversa que tivera com a mãe não ficara sabendo sobre o seu pai biológico e isso estava incomodando-lhe bastante. Porém achava que não era oportuno perguntar-lhe sobre isso, já que ela se encontrava tão debilitada. Preferiu desabafar com o amigo que, depois de ouvir toda a história, cumprimentou-o pela nobre atitude, pois Daniel também achava que naquele momento dona Luiza teria de ser poupada de emoções muito fortes. Sugeriu-lhe, ainda, que conversasse melhor com seus pais adotivos, talvez eles tivessem alguma pista. O rapaz saiu da casa do amigo decidido que faria tudo para ajudar dona Luiza. Em casa, encontrou o pai na cozinha. Pensativo, José Paulo não percebeu que o filho havia chegado. - Oi, pai. - Oi, filho, não o vi entrar. - Fui ao hospital e decidi fazer os exames. - Tinha certeza de que os faria. - Pai, se a dona Luiza é minha mãe biológica, quem poderia ser meu pai? Ninguém me falou nada sobre isso. Agora que comecei a descobrir quem sou, quero saber de tudo. O senhor conheceu algum namorado da dela na época em que ela trabalhou aqui. José Paulo estremeceu. Sentia que não podia mais adiar aquele momento. Ficou calado por alguns instantes e decidiu contar sobre o que acontecera entre ele e dona Luiza. - Henrique, há dezenove anos, sua mãe resolveu fazer uma visita a uns parentes, no interior do estado, e levou consigo Marina e Rosana; foi uma viagem rápida, de uns três dias apenas. Eu não fui, pois tinha muito trabalho. Fiquei sozinho em casa e, em uma noite, acabei me envolvendo com Luiza. A partir do momento em que fiquei sabendo dessa história, não tive mais sossego, pensando na possibilidade de você ser meu filho Henrique ficou estarrecido e não conseguiu dizer mais nada. Deu as costas para o pai e saiu sem dizer uma palavra. Dona Luiza estava mais forte para continuar enfrentando o tratamento, pois a verdade lhe tinha proporcionado um certo alívio. Raquel também se sentia melhor. Pediu autorização à mãe para passar o réveillon com Rubens, Paulo César, Ana e Carolina. Dona Luiza consentiu. Rubens ficou maravilhado ao ver o quanto Raquel estava linda e não disfarçou o seu encantamento por ela, dando-lhe um forte abraço. Tímida Raquel perguntou: - Para onde vamos? - À praça Cívica para vermos a queima de fogos, depois vamos a uma boate. - Ah, que bom!Quero mesmo dançar. Estou precisando me distrair. Só que não poderei ficar até o amanhecer por causa de minha mãe. - Tudo bem. Quando quiser, viremos embora. Basta chamar. - Onde estão os outros? - Vamos buscar a Ana na sua casa, a Carolina e PC já estão nos esperando no local combinado. - Então vamos. Quando chegaram à praça, Rubens apresentou Raquel e Ana para todos os amigos da faculdade que estavam no grupo. Paulo César chegou com Carolina. À noite prometia. Raquel chegou a pensar em convidar Henrique, mas não tinha intimidade para isso. Ficaram próximos ao palco onde aconteceriam os shows. A noite estava linda! A música estava animada, todos dançaram. Raquel e Rubens conversaram sobre o ano que estava findando, recordaram toda a trajetória da sua mudança de Brasília para Goiânia e sobre o tratamento da mãe. Falaram das tristezas, mas fizeram planos para o ano vindouro. E, pela primeira vez, desde que chegou a Goiânia, Rubens pôde ver no rosto de Raquel uma expressão de felicidade. Ela lhe confessou a sua real esperança. Acreditava na cura da sua mãe. Uma mensagem chegou ao celular de Raquel, era Henrique desejando-lhe feliz ano novo. A mensagem dizia: “Raquel, desejo a você e a sua mãe um ano de muita paz! Henrique.” Ela ficou feliz com a lembrança dele, mas chateou-se por ele referir-se à dona Luiza como “sua mãe”, apesar de entender que não poderia ser diferente. Retribuiu a mensagem: “Desejo a toda sua família muita saúde e harmonia no ano que se inicia!” Raquel. Rubens pegou as mãos de Raquel, olhou-a nos olhos e disse-lhe o quanto gostava dela: - Raquel, a nossa amizade é muito importante para mim. Quando me mudei de Brasília, pensei que a perderia, mas com a vinda de vocês, enchi-me de alegria. Jamais esquecerei os momentos em que estivemos juntos, pois são os melhores da minha vida. - O que deu em você? – Raquel sorriu. - É que estou tentando te dizer, Raquel, é que meus sentimentos vão além da amizade. Rubens aproximou-se mais de Raquel, tocou sua face com carinho e beijou seus lábios suavemente. Em seguida disse-lhe: - Estou apaixonado por você. Raquel correspondeu ao beijo e ficou com Rubens durante toda a noite. Quando os amigos os viram juntos, fizeram a maior farra. - Já não era sem tempo, Raquel!? – Falou Carolina, abraçando a mais nova amiga. - Não comecem! A cada manifestação dos amigos, Rubens beijava Raquel e fazia-lhe carinhos. - Eu acho que só uma pessoa não está gostando disso! – Ana disse olhando para PC. - Eu!? Você está enganada. Eu gosto da Raquel, sim, mas como amiga. Tenho muito carinho por ela. Admiro a sua coragem e seu espírito de luta. – E, terminando sua defesa, Paulo César abraça Carolina. Surpresa, Carolina corresponde ao abraço de PC. - Deixem de ser maldosos, PC e eu somos bons amigos já algum tempo. – Completou Raquel. - Mas agora você é minha namorada. – Muito feliz, Rubens não parava de beijá-la. - Eu também sempre gostei de você... - Disse Raquel, enquanto os amigos foram se afastando. Queriam deixá-los sozinhos. -... mas a minha situação financeira me impedia de aproximar de você. Primeiro porque percebia um certo preconceito seu em relação a minha atividade de catadora de latinhas. Além disso, sua mãe não gostava de mim. - Que isso, Raquel! Eu não sou preconceituoso; apenas não gostava de ver você passar por aquilo. Quanto à minha mãe, ela realmente implicava com meus sentimentos em relação a você. Mas, com a doença da sua mãe e suas atitudes, percebeu que é uma moça determinada. Sabe o quanto você é solidária e admira tudo o que tem feito por sua mãe. Outro dia, me disse que toda boa filha, tem tudo para ser uma boa esposa. - Nossa! Ela pensa isso tudo de mim?! – Raquel ficou admirada. - Vamos dançar? - Vamos. A alegria dos dois contagiava a todos. Era quase meia noite. Raquel chamou Rubens e os amigos e combinaram que fariam pedidos no momento da virada, e pediu a todos que incluíssem nos seus pedidos a saúde de sua mãe. A contagem regressiva foi acompanhada de fogos de artifícios e champanhe. Raquel só não estava mais feliz porque a mãe, a tia e o primo Márcio não estavam ali com ela. O ano novo começara cheio de expectativas por uma vida nova. A queima de fogos durou mais de vinte minutos. Da praça Cívica, foram a uma boate. Queriam continuar festejando. Henrique teve um réveillon familiar. O rapaz pôde contar sobre o intercâmbio na Europa. Mostrou a todos as fotos que estavam em seu pen driver e, com os primos, olharam seu Orkut, falando sobre cada lugar visitado. Na Inglaterra, morava com a família Brown. A mãe se chamava Ellen e o pai Peter. Ele também tinha irmãos: Frank e Medley. Por isso ele já sabia como era ter outros pais. Talvez esta experiência estava ajudando a aceitar sua história de vida. Dias depois, Henrique foi com o pai até o hospital para fazer os exames solicitados pelo doutor Renato. No caminho, retomou o assunto sobre sua paternidade. José Paulo ficou muito constrangido, mas o diálogo entre eles foi pacífico. Henrique disse ao pai que gostaria de fazer o exame de DNA. Precisavam confirmar as suas suspeitas. José Paulo concordou, mas a conversa foi interrompida com a chegada deles ao hospital. Foram encaminhados para o laboratório, onde foram realizados todos os exames. O resultado sairia dali três dias. Henrique queria muito ser compatível para ajudar dona Luiza. As expectativas foram vivenciadas por todos. Ao pegarem o resultado, Henrique convidou Raquel a ir com ele até o consultório do doutor Renato. O médico olhou os exames e, para tristeza de todos, constatou que Henrique não era compatível. Raquel não conseguiu disfarçar sua decepção: - Como é possível, doutor? Voltamos à estaca zero? - Não, Raquel, eu disse a vocês que isso poderia acontecer. Nem sempre parentes são doadores compatíveis. -Sinto muito por isto, Raquel. Queria muito ser doador, mas continuarei ajudando vocês no que for possível. Saíram do consultório cabisbaixos. Raquel, preocupada em continuar procurando um doador e, Henrique, em iniciar sua próxima batalha: o exame de DNA, já que o seu pai havia concordado com ele. Decidira que só contaria a dona Rita toda a verdade quando tivesse certeza de que era mesmo filho de José Paulo. Henrique acompanhou Raquel até sua casa, pois, apesar de decepcionado, ele próprio queria dar a notícia a dona Luiza. Além do mais, resolveu que deveria falar-lhe também sobre a conversa que tivera com o pai. Achou difícil falar sobre o assunto com a mãe, mas acabou encontrando a melhor maneira de dizer: - Dona Luiza, meu pai me contou sobre o envolvimento que vocês tiveram no passado e da possibilidade de ele ser meu pai biológico. Estou preocupado com minha mãe, pois ela ainda não sabe. Pensei em contá-la somente depois que tivermos certeza, por isso gostaria de fazer um exame de DNA, se a senhora concordar. - Tenho certeza de que ele é seu pai, mas farei o que você quiser, meu filho. - Posso então falar com meu pai que a senhora concorda? - Pode. - Muito obrigado! Quero que saiba, também, que estou muito triste por não poder ser seu doador. - Eu sei disso, meu filho! Quero agradecê-lo mais uma vez por ter se disposto a fazer os exames para me ajudar. Muito obrigada! Henrique despediu-se e foi embora. Com a notícia de que Henrique não era compatível, intensificaram-se as buscas por mais doadores. Paulo César, Raquel e Rubens voltaram à campanha por meio do blog “CÂNCER MATA” – criado por Paulo César, pela comunidade do Orkut “PELA VIDA DE MINHA MÃE” e pelo site “QUEM PROCURA, ACHA”. Algumas pessoas próximas, que ainda não haviam feito exames, foram sensibilizadas a participar. Dias depois, o resultado do exame de DNA comprovava que José Paulo era mesmo o pai de Henrique. No caminho para casa, José Paulo disse a Henrique: -Agora preciso encontrar uma forma de contar tudo para Rita. -É, pai! Isso não vai ser nada fácil. Minha mãe vai sofrer muito. Ela não precisava passar por isso. Apesar de estarem vivendo momentos de indefinição, pois não haviam encontrado o doador, dona Luiza percebeu que a filha estava mais feliz. Imaginou que pudesse ser a aproximação com Henrique, mas depois percebeu que não era só isso. Um dia, ao chegar do trabalho, Raquel chamou a mãe para uma conversa: - Mãe, precisamos conversar. - O que está havendo, Raquel? Há alguns dias estou te achando mais alegre Você está com um ar de menina apaixonada! - Vocês mães não têm jeito! Descobrem tudo, mesmo quando tentamos disfarçar. Dona Luiza perguntou: -Quem é? -Eu e o Rubens estamos namorando, mas preciso saber se a senhora concorda. - Concordo sim, minha filha e estou feliz! No início, achava que ele queria se aproveitar, mas, hoje, acredito que ele gosta de você. Raquel ficou exultante com o apoio da mãe. Passou uma mensagem para Rubens contando sobre a conversa. E ele respondeu: “Meu amor, gosto muito de você.”

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