terça-feira, 10 de junho de 2008

Quando perdi meu irmão Roberto Manoel Álvares da Silva

Já se passaram dias que meu querido irmão se foi, mas tenho a fé em Deus e sei que ele está sob sua graça, acredito muito também no que Rui Barbosa escreveu: "A morte não divorcia, aproxima... Não aniquila, transforma... Não extingue, renova..." 
 Meu irmão, pela graça e misericórdia do Senhor Nosso Deus, ainda nos encontraremos, e para glória do Senhor, será para a eternidade. Sempre te amei, mas nunca dei conta de chamar-te de compadre. Mas, vc foi o padrinho do meu primeiro filho e, pode ter a certeza de que ele o amava muito! Hoje é dia 27 de março de 2008, faz 21 dias que meu irmão faleceu. A alma dói! 
Essa separação é inesgotável. É o segundo irmão que se vai... Mas, nunca esperava que o Roberto fosse tão rápido. 41 anos é pouco demais pra quem tinha que viver uma vida inteira... agora fico com as lembranças das nossas brigas de infância, do quanto éramos insuportáveis um com o outro, parecíamos cão e gato. 
Lembro do dia em que ele eu apanhamos da minha mãe porque tiramos o pau da cadeira de descanso e o pano ficou solto, era pra o Veto meu primo sentar, mas quem sentou foi minha mãe, ela estava com o prato de comida na mão para ver o Jornal Nacional. Só vimos quando ela virou pra trás caindo de cabeça e a surra foi inevitável. Outra vez ele me fez cair do pé de abacate. Eram brigas constantes... Mas lembro-me também da inveja que eu tinha dele porque sempre estudou em colégios particulares, por causa do problema de audição, meus pais achavam melhor, no entanto, quando estava fraco em alguma matéria, tínhamos que ter aulas particulares, eu era obrigada a ir também. 
Nossas professoras foram a Ana(nossa vizinha) e a Cida ( filha da Dona Ana). Nas músicas, tínhamos os mesmos gostos, acho que por influência do Beto (irmão mais velho). A música que mais faz-me lembrar dele é “Bailarina”, que acho que foi a única música que ele cantava toda, sabia toda a letra. 
Quando meu filho nasceu, o Renato Flávio, não deu outra, tinha que ser ele o padrinho junto com a Simone (minha irmã querida – a caçula). Muitas vezes, ele e a esposa dele – a Angelita é que cuidaram do Renato pra eu estudar, fazer a faculdade. 
Quantas vezes, meu irmão embriagado, me abraçava e dizia o quanto me amava. A nossa última conversa foi numa madrugada de janeiro deste ano, lá na fazenda, ele me dizia o quanto queria lagar o vício de beber e o medo que tinha da vida, porque nunca conseguiria ir muito longe, porque não quis estudar. Eu falei pra ele do amor próprio que temos dentro da gente e que nos faz prosseguir na vida. 
Do desejo de vencer por amor a entes queridos, que ele tinha 4 filhos maravilhosos e um neto, que faltava-lhe objetivos. Ele me contou suas tristezas e dizia assim: minha irmã, eu quero sonhar,eu amo minha mãe, é a melhor mulher do mundo. Lembrei-lhe dos cinco anos que ficou sem beber, quando freqüentava o AA, e da promessa que eu fiz e cumpri: fiquei dois anos sem beber para ele largar da bebida, cumpri a promessa e esperei a graça depois e ela veio. Foram 5 anos sem um gota de álcool. Mas, acabou voltando... para infelicidade dele próprio. 
Meu irmão era de paz, nunca brigou com ninguém de guardar mágoas... era fraco, a bem da verdade, não tinha perseverança com as habilidades que Deus lhe deu, tocava instrumentos de ouvido, como a flauta. Entalhava madeira muitíssimo bem! Sabia e tinha várias habilidades com eletricidade e fazenda. É. Ele sabia nadar! Sabia muito bem... mas Deus deixou-o se atrapalhar com as “águas de março”. 
Eu não sei o que dói mais: se a vontade de voltar o tempo e dizer as coisas não ditas, ou se pegá-lo no colo para ninar e fazê-lo adormecer sem sentir as dores da vida, ou se esperar o reencontro. Porque não houve despedida, eu não pude dizer a ele tudo quanto queria. Dizer-lhe que era uma criança e que precisava de ajuda... que várias mãos estavam estendidas, só bastava ele dizer sim. Que Deus o tinha por filho, que ele era filho do dono do mundo. Queria sim, mais dois minutos com ele... pra realizar o encontro, mesmo que pela net, dele com os filhos, mostrar a Lethícia e o Gilberto no Orkut. Colocá-lo para falar com a Bárbara com webcam ligada e microfone e os dois poderem dizer: eu amo você, um para o outro. 
Queria vê-lo dar o último abraço em minha mãe, em meu pai, no seu filho João Gabriel, abraçar a Kátia e dizer o quanto a amava e ver no rosto dele um sorriso, de quem estava feliz. 
Queria escutar o Renato pedir a sua benção pela última vez e dar um abraço muito forte de sentir a felicidade penetrar a alma. Senhor,Pela sua misericórdia, perdoe todos os pecados do meu querido irmão e leve-o a vida eterna, sob seu desejo e sua graça! Amém!

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