quarta-feira, 25 de junho de 2008

História da poesia em minha vida

Desde a infância apreciei o belo, na arte de escrever. Meu pai já tinha a fazenda em Jaraguá e nós morávamos em Brasília. Todos os fins de semana, era corriqueiro viajarmos para a fazenda. Na estrada, meu pai sempre declamava a poesia Orgulhosa, mas sempre dizia que era de Castro Alves ou Guilherme de Almeida. Os filhos todos e alguns netos acabaram aprendendo a declamá-la e talvez, essa marca da infância que tenha feito eu gostar de poesias, histórias e desejo em me expressar. Meu pai a declama muito bem, é lindo!

Orgulhosa

Na época de Trasíbulo era comum encerrar as festas com alguém declamando uma poesia acompanhado pelo piano. A poesia A ORGULHOSA, tem a sua história; dizem que foi declamada de improviso no baile de formatura de outro poeta - Péthion de Vilar. Reza a crônica oral que a recepção oferecida pelos pais de Péthion, diplomado em Medicina, naquele ano de 1895, já estava pela metade da noite quando, instado pelo próprio Péthion, seu velho amigo e jornalismo, banco acadêmico e vida literária, Trasíbulo, que chegara quando a festa já ia ao meio e, como sempre, descabelado com traje surrado e calçado com cadarço desamarrado, havia se recolhido à sacada de uma das janelas do palacete que dominava o largo de São Pedro, ensimesmado e abatido com a taboca (recusa) que sofrera por parte de uma das irmãs de Péthion, quando ele se dirigira e a convidara para uma contradança. A jovem, que alegara para efeito de recusa o fato de se achar indisposta, momento depois, aceitava o convite de um dos seus primos. 

Autor: Trasíbulo Ferraz Moreira 

Deixa-te disso, criança, 
Deixa de orgulho, sossega, 
Olha que o mundo é um oceano 
Por onde acasos navega. 
 Hoje, ostentas nas salas 
 As tuas pompas de gala, 
 O teus brasão de rainha; 
 Amanhã, talvez, quem sabe? 
 Esse teu orgulho se acabe, 
 E seja-te a tua sorte mesquinha. 

 Deixa-te disso, olha bem! 
 Que a sorte dá, nega e tira; 
 Sangue azul de vós fidalga, 
 Já neste século é mentira. 
 Todos nós somos iguais; 
 Os grandes, os imortais; 
 Foram plebeus como eu sou. 
 Ouve mais esta lição: 
 Grande foi Victor Hugo
Grande foi Napoleão, 

De nada vale nobres famílias, 
 A linhagem pura de vós! 
 Se o sangue do rei é puro 
 é o mesmo que corre em nós! 
 Agora a pouco pedi-te, 
 Pedi-te para valsar... 
 Tu me disseste não! 
 - és plebeu, és pobre; 
 e não me quiseste aceitar! 

 No entretanto, ignoras aquele que tanto te adora, 
 Que te conquista e seduz, 
 Embora seja da "nata", 
 É plena figura chata, 
 É fósforo que não dá luz! 

Agora sim, já é tempo 
 De dizer quem sou eu, 
 Um moço de vinte anos 
 Que se orgulha em ser plebeu, 
 Um lutador que não cansa, 
 Que ainda tem esperança 
 De ser mais do que hoje é, 
 Lutando pelo direito, 
 Para esmagar o preconceito 
 Da fidalguia sem fé! 
 O que é belo e sempre novo 
 É ver um filho do povo 
 Saber lutar e subir, 
 De braços dados com a glória, 
 Para o Plantheon da História, 
 Para conquistar o porvir. 

 De nada vale o que tens 
 Que não me podes comprar; 
 Ainda que possuístes 
 Todas as pérolas do mar! 
 És fidalga? 
- Eu sou poeta! 
 Tens dinheiro? 
- Eu tenho uma completa 
 Riqueza no coração; 
 Não troco uma estrofe minha 
 Por um colar de rainha 
 Por um troféu de latão. 

 Por isso quando me falas, 
 Com esse desdém e altivez, 
 Rio-me tanto de ti, 
 Chego a chorar muita vez. 
 Chorar sim, porque calculo, 
 Nada pode haver mais nulo, 
 Mais degradante e sem sal 
 Do que uma mulher presumida, 
 Tola, vaidosa, atrevida. 
 Soberba, inculta e banal.

Meu repertório

A Dona Baratinha - Ana Maria Machado
A formiguinha e a neve - Braguinha 
A história da Sherazade - Ruth Rocha 
A Mula-sem-cabeça - Roberto Carlos Ramos
A vogal "i" quer ir embora - do Grupo "Os melhores do mundo"
Árvore Genealógica - Luís Fernando Veríssimo 
As Fadas - Charles Perrault 
As saias de Nilta e a Sapucaia - Cláudia Carvalho Machado
Campo Santo - Bia Bedran 
Chupa essa manga, doutora! - Mirelle Araújo 
Como se fosse dinheiro - Ruth Rocha 
Coração Conta Diferente - Lino de Albergaria 
Esquecer para lembrar - Rubem Alves 
Geni e o Zepelim - Chico Buarque de Holanda 
João Jiló - Conto popular mineiro 
O Acordo - Shirlene Álvares
O caso do espelho - Ricardo Azevedo
O caso do minerinho - conto popular
O Diário do Lobo: a verdadeira história dos três porquinhos - John Scieska 
Orgulhosa - Trasíbulo Ferraz 
Perfume de mãe - Autor desconhecido
Solidariedade - Autor desconhecido
Tereza tinha os lábios grossos - Conto Popular (lenda) de Jaraguá 
Um homem de consciência - Monteiro Lobato 
Um homem sem sorte - Roberto Carlos Ramos
Vamos caçar - dinâmica com crianças
Ver-de-ver meu pai - Celso Sisto 

Lembrar é preciso! Faz bem à memória...

sexta-feira, 20 de junho de 2008

O Livro de Todos


Os escritores Goianos Lázaro André da Silva Júnior e Shirlene Álvares da Silva foram selecionados para o "Livro de Todos", que será lançado na 20ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, entre os dias 14 e 24 de agosto de 2008. O Livro de Todos é um projeto que nasceu para contribuir e democratizar o livro e a literatura no Brasil. Isto porque qualquer um poderia participar escrevendo parte desta história.O livro é uma obra coletiva em que o participante, após ler a história já escrita, poderia continuar a escrevê-la dando o caminho que quisesse. Ou seja, o Livro de Todos foi mais do que reforçar o hábito de leitura nas pessoas. O site do Livro de Todos ficou aberto para preenchimento dos textos de 16 de maio de 2008 a 16 de junho de 2008, das 14h às 24h. Qualquer um que quisesse poderia participar quantas vezes quisesse também. Bastando ler o regulamento e se cadastrando. O participante teve um limite de até 20000 caracteres por participação e todos os textos escritos foram enviados para uma comissão de edição que poderia utilizar livremente todo o texto ou partes deste texto na composição final do conteúdo do Livro de Todos. Diariamente, essa comissão avaliou, selecionou e editou os textos enviados e atualizaram a história no site para que, no dia seguinte, os participantes pudessem ir completando a história.
Lázaro André da Silva Júnior e Shirlene Álvares da Silva concorreram com milhares de internautas que acessaram o site www.livrodetodos.com.br e contribuíram com uma parte dando continuidade à história do texto roubado. O primeiro capítulo e a apresentação foram escritos por Moacyr Scliar, renomado escritor membro da Academia Brasileira de Letras e vencedor de várias edições do Prêmio Jabuti. A Imprensa Oficial do Estado de São Paulo será responsável coordenação, editorial e impressão da obra, que foi patrocinada pela Volkswagen e Petróleo Ipiranga, e co-patrocinada pelo HSBC, que apóiam também a Bienal. Contatos dos escritores: 
Lázaro André da Silva Júnior e-mail: lazaroandre@yahoo.com.br 

Shirlene Álvares da Silva www.shirlenealvares.blogspot.com e-mail: shialvares@gmail.com

O Livro de Todos

Este é o texto de abertura do Livro de Todos, que será lançado em versão impresa na 20ª Bienal Internacional do Livro em São Paulo, no Anhembi, de 14 à 24 de agosto de 2008. Eu fiz parte desta história, história de produção coletiva... 

Capítulo 1 - O mistério do texto roubado 

Eram onze da noite de domingo quando Bruno e seus pais chegaram em casa, vindos de uma festa de aniversário. Festa muito boa, comida farta, brincadeiras, conversação animada; Bruno até teria ficado mais tempo, junto com seus amigos. Mas o dia seguinte era de trabalho e o pai, Antônio, não quis se demorar. O que deixou Bruno contrariado, mas sem muitas alternativas: se ficasse, perderia a carona do pai; seria difícil conseguir outra. Além disso também tinha de levantar cedo. Foram, portanto, ele ainda resmungando.
Como de costume, o pai deixou o velho carro estacionado na entrada da casa. Atravessaram o pequeno e bem-cuidado jardim, orgulho de Magda, a mãe de Bruno; quando chegaram à porta da frente constataram, com espanto, que estava entreaberta.
– Não é possível! – protestou Magda. – Você esqueceu de fechar a porta, Antônio!
Não, ele não tinha esquecido de fechar a porta. O que tinha acontecido era outra coisa, muito alarmante: a porta, como logo constataram, fora arrombada. Entraram correndo, os três, acenderam as luzes e espalharam-se pela casa para ver o que tinha sido roubado. Para surpresa de Antônio e Magda estava tudo no seu lugar. Nenhum armário aberto, nenhuma gaveta, nada havia sido mexido. Estava tudo ali, as duas tevês, os equipamentos de som, os eletrodomésticos, as roupas.
– Pelo jeito – disse Antônio, ainda assustado, mas já aliviado – os caras devem ter se assustado com alguma coisa, com algum barulho e saíram correndo.
Já Bruno não tinha boas notícias a dar. Do quarto dele, haviam levado um objeto, um único objeto que, no entanto, poucas semanas antes, quando o ganhara, havia sido motivo de enorme orgulho e de alegria: o seu computador portátil. Bruno recebera-o como prêmio num concurso de contos promovido por um jornal da cidade em que moravam. Era o seu primeiro computador; até então o pai, que trabalhava como eletricista numa pequena empresa e não ganhava muito bem, não tivera dinheiro para lhe comprar um. Já tinha feito até a promessa – seria o presente do próximo Natal – quando acontecera a premiação. Você não precisa gastar essa grana, anunciou Bruno, radiante.
O computador mudou a vida do rapaz. Todos os dias, ao voltar da escola, sentava à sua mesa de trabalho e ficava horas digitando; às vezes até esquecia de comer, e a mãe tinha de lembrá-lo que era hora de jantar. Lucila, a namorada, se queixava:
– Você dá mais atenção a seu computador do que a mim.
O que não era verdade, claro. Bruno adorava a garota, namorava-a desde os doze anos (agora estava com quinze). Lucila, uma menina morena e miudinha, de grandes olhos escuros e boca carnuda, fascinava-o; além disso, era meiga, era compreensiva, era inteligente – a paixão da minha vida, declarava Bruno com fervor. Contudo, tinha de reconhecer: o computador mudara sua vida. Não que gostasse de surfar, ou de joguinhos, ou de baixar filmes ou músicas. Não, usava o computador exclusivamente para escrever.
Bruno queria ser escritor. Um sonho mais que compreensível, aliás. Desde criança histórias fascinavam-no: histórias contadas pelos pais, pelos tios, pelos avós, pelos vizinhos, pelos professores, pelos colegas; histórias que ouvia no ônibus, ou na lanchonete, ou no supermercado. Aquelas narrativas – banais, às vezes – abriam-lhe as portas de um mundo desconhecido, fascinante. E, porque gostava de ouvir histórias, tornou-se também um leitor. Lia os livros infantis que a mãe lhe comprava, os livros que os professores recomendavam no colégio. Mais tarde começou a freqüentar uma livraria perto de sua casa e ali descobria verdadeiras preciosidades. Era um leitor voraz, destes que atravessam a noite lendo. A mãe ficava impressionada: nunca vi ninguém gostar tanto de livros como você, meu filho, dizia. O pai também confessava sua admiração – e seu entusiasmo.
– Eu nunca fui de ler muito – dizia – porque meu pai achava que livro era perda de tempo, que o negócio era trabalhar, ganhar dinheiro. Hoje me arrependo. Mas você, Bruno, é o meu orgulho. Você está fazendo o que eu deveria ter feito.
Por volta dos dez anos Bruno começou a colocar no papel suas primeiras historinhas. Mostrava-as para os pais, para os professores. Todos achavam que ele dava mesmo para a coisa, estimulavam-no a prosseguir. E Bruno prosseguia. Um amigo ofereceu-se para colocar seus contos num blog, outro publicou-os no jornal de um clube. E aí veio a grande oportunidade: o concurso. No qual Bruno se inscreveu com muita esperança. Até então escrevia à mão ou então numa velha máquina de escrever que um vizinho lhe dera de presente. Tinha certeza de que, com o computador, escreveria com muito mais facilidade. Poderia mexer nos textos, coisa que, ele sabia, era muito importante. Como lhe dizia o Joaquim, seu professor de literatura, escrever é reescrever:
– Nós sempre podemos aperfeiçoar o nosso texto. Quando você escreve alguma coisa, pergunte-se: isto é o melhor que eu posso fazer? Se você tiver dúvidas, não hesite, escreva de novo.
Bruno não tardou a descobrir que o professor tinha razão. Realmente, reescrever era essencial e ele se surpreendia ao descobrir como seu texto melhorava quando ele o retrabalhava. E isso era facilitado pelo computador.
Mas agora o computador se fora. Ele abriu os braços, desamparado, deixou-se cair numa cadeira, sem conseguir conter um pranto convulso.
Os pais tentavam acalmá-lo: afinal, não acontecera nenhuma tragédia, não haviam sido assaltados, nem machucados, considerando as barbaridades que viam na tevê, tinham tido sorte, podiam dar graças a Deus.
– E tem mais – disse Antônio – você se lembra do computador que eu tinha lhe prometido como presente de Natal? Pois amanhã mesmo nós vamos comprá-lo para você. Papai Noel vai ter de chegar mais cedo neste ano.
Bruno olhou-os, tentou sorrir. Eram muito bons, os seus pais. Os colegas de colégio até tinham inveja dele, e costumavam dizer, brincando, que ele era o filho mais mimado do mundo..
O certo é que ele se dava muito bem com Antônio e Magda. Eram pais, e eram amigos, e confidentes…Vocês conseguem ler os meus pensamentos, costumava dizer, e aquela oferta do computador mostrava exatamente isso, como eles estavam sempre dispostos a ajudá-lo. Nas poucas vezes em que, na infância, estivera doente, os pais não saíam de perto e muitas vezes a mãe, que trabalhava como caixa num supermercado, pedia licença do emprego para ficar cuidando do filho. E agora, ansiosos com a dor do garoto, dispunham-se a resolver o problema. Acreditavam que para isso bastaria comprar outro computador, quem sabe até da mesma marca e do mesmo modelo.
Mas, infelizmente, para Bruno isso não era a solução porque o ladrão não tinha roubado apenas o computador. O ladrão tinha roubado o computador e o conteúdo do computador.
E qual era o conteúdo do computador?
Uns poucos arquivos: algumas piadas, letras de música, coisa sem muita importância. Mas havia algo ali que para Bruno era muito, mas muito valioso.
Uma história. Uma história que ele estava terminando de escrever.
Alguns dias depois de ter ganho o computador, Bruno acordara, às três horas da madrugada, com a idéia de uma história. Uma idéia tão fantástica que o fez saltar da cama e correr para o computador: precisava começar a escrevê-la imediatamente. Sentia que estaria dando um grande passo para a realização de seu sonho, um sonho que tinha desde a infância.
A idéia tinha a ver com um intrigante episódio que lhe fora contado pelo vigia de um depósito ali perto e com quem Bruno às vezes conversava quando, à noite, voltava para casa. O homem, que todos no bairro conheciam como Juca Colosso (porque sempre usava essa palavra, “colosso”: “O jogo foi um colosso!”, “O almoço estava um colosso”) que era um grande narrador. O episódio referia-se a uma viagem noturna que fizera, voltando do Rio de Janeiro, onde trabalhara algum tempo. A seu lado vinha um homem que conhecera no Rio – de vez em quando tomavam um trago juntos – e do qual sabia apenas o apelido: Pirão. Não chegava a ser coincidência porque Pirão viajava muito, e para várias cidades.
No ônibus, conversaram por algum tempo; a certa altura Pirão disse que estava com sono; puxou o boné sobre a cara e logo estava ressonando. Juca Colosso, cansado, preparou-se para dormir também. Mas não conseguia adormecer, porque, dormindo, Pirão começou a resmungar coisas. E o que ele dizia deixou Juca surpreso: falava sobre drogas, sobre tráfico de cocaína. Pelo jeito, constatou Juca, o homem fazia parte de alguma gangue; a todo instante mencionava coisas como “O chefe mandou trazer o bagulho”, “O chefe quer a grana já”. Outras vezes falava de um tal de Coquinho, que podia ser esse chefe.
Juca Colosso não sabia o que pensar. Estaria apenas sonhando, o Pirão? Ou estaria falando de coisas que aconteciam na realidade? Seria um traficante? E se fosse traficante, o que deveria Juca fazer? Homem decente, tinha horror de bandidos e de criminosos, sobretudo daqueles que lidavam com droga – perdera um irmão, assassinado por uma gangue. Como dizia para a mulher, se encontrasse algum traficante, não hesitaria em denunciá-lo para a polícia. Mas o gentil e simpático Pirão era mesmo um traficante – ou era alguém que tivera um sonho estranho? Debatendo-se naquela dúvida, Juca acabou adormecendo, de pura exaustão. Quando acordou, com o sol já alto, o ônibus estava chegando à cidade. Desembarcaram, Pirão disse onde poderia ser encontrado, despediu-se efusivamente e foi embora.
– Não sei por que estou lhe contando essa história – concluiu Juca Colosso.– Acho que precisava desabafar e como você gosta de me ouvir…
De fato, o episódio era intrigante, para dizer o mínimo. E se transformara, para Bruno, no ponto de partida para o que poderia ser uma grande história – talvez até um romance que poderia revelá-lo para o grande público. Na sua narrativa, o personagem principal, inspirado em Juca Colosso, decidia ir atrás da verdade e descobrir quem eram, afinal, Pirão e Coquinho.
Poucos dias depois de começar a escrever a narrativa, Bruno encontrou Juca Colosso no portão do depósito. Falou do computador que tinha recebido como prêmio, contou sobre a história que estava escrevendo.
– Uma idéia que eu devo a você, Juca. Aliás, se sair mesmo um livro, como espero, será dedicado a você. É uma promessa que lhe faço.
Para sua surpresa, o homem não gostou da notícia, não gostou nem um pouco. Disse que preferia não ser personagem de uma história daquelas.
– Mas você não será personagem – ponderou Bruno. – O personagem tem outro nome: Chico. Não tem nada a ver com Juca Colosso, tem?
Mas Juca não parecia convencido; na verdade, estava até contrariado, perturbado mesmo. Chateado com aquela imprevista reação, Bruno disse que poderia desistir da dedicatória. E acrescentou:
– Só não entendo por que você está tão aborrecido. Francamente, Juca, muita gente gostaria de aparecer num livro…
– Não eu, Bruno. Não eu.
Bruno hesitou. Finalmente, resolveu formular a pergunta que estava trancada em sua garganta:
– Do que é que você tem medo, Juca? Fale, pode falar. Você sabe que em mim pode confiar.
Juca hesitou, e por fim fez um gesto de “deixa prá lá”.
– Essa conversa está ficando muito desagradável, Bruno. Melhor a gente parar por aqui. Esqueça o que eu lhe disse, por favor.
A conversa deixou Bruno muito contrariado. Seria o caso de desistir da história? Depois de pensar muito chegou à conclusão de que não, não desistiria. A idéia o empolgara e agora ele iria até o fim. Tomaria todas as precauções para não revelar a identidade de Juca Colosso, mas iria até o fim.
Mas agora não havia mais história nenhuma. O computador tinha sido roubado e ele, inexperiente, não tinha salvo o conteúdo num CD. Claro, poderia começar tudo de novo; certamente não era o primeiro escritor, ou candidato a escritor, a perder originais. Além disso, e graças ao pai, breve teria um novo computador.
Mas havia alguns detalhes no ocorrido que o intrigavam, para os quais não tinha explicação. Em primeiro lugar: por que o ladrão roubara só o computador? Sim, era uma coisa que valia dinheiro e fácil de carregar; mas nada impedia que ele tivesse levado algum outro objeto. Por que não fizera? Por pressa? Ou será que era o computador a única coisa que lhe interessava? Mas por quê?
E dentro do computador estava a história que Bruno começara a escrever. Como veria o ladrão aquela história? Como um simples devaneio de adolescente, coisa para deletar de imediato? Ou teria algum interesse na narrativa? Uma idéia aparentemente absurda ocorria a Bruno: o homem que entrara em sua casa não estava atrás do computador, estava atrás da história que ele escrevera. Mas por quê?

domingo, 15 de junho de 2008

Saudade...


São 01h49min do dia 16 de junho de 2008... eu nunca chorei como hoje, pela morte de meu irmão... bateu uma saudade! Como dói lembrar dele, saudável, aqui com a gente! É tão difícil aceitar essa separação. Uma dor no peito que não passa nunca! Olho pros meus pais e vejo em seus olhos se abaterem... olho pros meus filhos e sinto um medo da morte, da distância! Aí lembro das promessas de Deus. Esta semana, acrescentei em meu orkut alguns vídeos do Pe. Marcelo Rossi "Noites Traçoeiras" e do Pe. Zezinho "Utopia", essas músicas me fazem refletir sobre a vida, a família, a dor, a morte, os problemas, mas em quanto Deus é bom... "ainda se vier noites traçoeiras, se a cruz pesada for, Cristo estará contigo, o munda pode até fazer você chorar, mas Deus te quer sorrindo!"Ó, Pai, acredito nesta promessa, que sempre estás ao nosso lado! A falta do Roberto faz-me ter a certeza de que AMOR existe e se existe é porque somente Deus poderia ser capaz de dar ao homem tamanho sentimento... Meu Deus, acolhe minha dor, cuida de mim...

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Você

Você, sangue que pulsa
Você, palavras gemidas
Você, sussurros tortuosos
Você, receio da dor
 Em mim, você!
Rio que passa e não volta
Arde como brasa
Penetra os poros e faz-me oxigênio
Na hora do prazer é Mel,
depois puro Fel que de amargo,
chega a ser doce...
 Amo! Não quero amar-te
Desejo ser a magia inusitada
ser seu sorriso de menino
quero o reencontro e no
encontro do reeencontro encontrar-te mais...
 Das flores, você é pólen que implanta-se em minhas veias floresce
devagar e devagar permanece na distância...
 Não se decifra esse sentimento não se deixa morrer
porque está n'alma é nela que te encontro é no âmago da matéria
e sei que insiste em ficar
Não há de sair Até que o Fel volte a ser Mel...

SILVA, Shirlene Álvares da. Jan. 13/2002. Minha Casa às 20h13min.

O que o tempo faz...

Só o tempo diz a idade...
a idade que o tempo tem...
Tudo envelhece!
Passam anos e os anos vêm...
A pele enrruga os seios caem varizes cortam as pernas é nosso mapa da idade
As mãos calejam os cabelos caem ou os brancos aparecem...
Um colcha se rasga
Uma panela enferruja, amassa
Pratos viram cacos,
Panos de prato rasgam...
Tudo envelhece, vira farrapos!
E a mulher?
É nos filhos que crescem que o vício de viver mostra a idade que tem!
As máquinas não duram eternidades são frágeis e quebráveis!
É a morte dos objetos substitutos do homem...
Substituem o tempo, mas dizem: o tempo que o tempo tem...
São dias, meses e anostambém...
Mas, acabam
Têem morte certa
Para os objetos o homem não deu alma vontade própria ou poder de escolha...
E vive o tempo que a vida tem...
Eternamente... fnalmente... bem pouco do que o além!

 SILVA, Shirlene Álvares da. Poesia escrita em 1990 em sala de aula, estava na Faculdade.

Cabide Humano

Homem Cabide

Cabide de situações
No corpo carregas a moda
Nas cores que a moda vive
Cores fortes e expressivas
Cores claras e deprimidas
 Calças compridas, seriedade!
Calças curtas, libertinagem!
Camisa de botão
Camiseta de malha
Jeans surrado
Tudo juventude...
Talvez solicitude!
é no preto que vive a revolta,
rebeldia dos jovens...
no branco vai a paz, feminilidade, beleza...
verde e amarelo, nacionalidade!
O vermelho encarnado traz anseios e excitações...
o verde, atenção, que distração!
 Parambulamos por aí carregando uma
vontade vontade e primazia nem sempre
o desejo da pequena minoria...

 Poema escrito aos 18 anos... ainda morava em Brasília, capital federal...

Renato Flavio - 12 de junho de 2008 (18 anos)

Meu filho, são 18 anos... que felicidade!

Mais um aniversário com lembranças e muita nostalgia do momento do seu nascimento... é difícil não recordar! Dizem que criança quando nasce não é muito bonitinha, mas você era um bebê lindo! 
Outro dia, um amigo que diz portar a competência de ler as mãos... disse-me que tem um dos meus filhos que veio para ser luz na minha vida... sei que todos vocês são essa luz, mas algo te faz ter uma história diferente: primeiro filho! 
Quero falar pra você de alegrias: como recordar os momentos marcantes e que nunca deixam uma mãe esquecer de um filho... é bom recordar você mamando no meus seios... os teus primeiros passos, os sucos de acerola que fazia pra você quando bebê, as noites em que dormia na barriga do vovô ouvindo o Hino do Divino Espírito Santo, o seu primeiro dia de aula e eu te levando pra escola. 
Você andando a cavalo, dançando quadrilha, a sua viagem com a vovó e a tia Shirley para Caldas Novas e depois para Fortaleza, lembra? É bom lembrar do carinho do Senhor Dominguinho e de seu filho Paulinho com você: Renato custoso! Era assim que eles falavam... Sempre que você ia tomar banho de represa e gripava e, ainda hoje gripa muito! 
O Carinho do seu Padrinho Roberto com você e a sua atenção com ele... você foi o filho que ele não pode criar, sempre perto, e tinha-lhe o respeito de filho... muito bonito, meu filho, ver você sempre respeitando os mais velhos: o seu tio Rezende, seus avós, seu padrinho, suas tias...É lindo o amor que vejo você sentir pelo seu avô e pela sua avó – segunda mãe. 
O maior orgulho que tenho é ver você descobrindo muitas coisas sozinhos pela capacidade que você e tem de pensar e ser curioso... Você tem aprendido muito, mas principalmente, a construir seu currículo! Isso muito me anima, pois sei que terá um futuro brilhante. Você já é um homem formado, 18 anos, maioridade! E me orgulho de sua formação religiosa, sua formação acadêmica! É legal ver meu filho não ter erros gritantes de português, nem pra falar e nem pra escrever... Acho isso o máximo! Muito do que você é, não dependeu de mim... mas de você! 
Do seu olhar sobre o mundo e as coisas à sua volta... lembro de você acordar às 4h da manhã pra tirar leite no curral, uma atividade não tão peculiar aos jovens de hoje! E depois ia pra escola... vida difícil, mas que lhe deu conhecimento... esse conhecimento da vida... que ninguém te roubará nunca. Faz parte do livre arbítrio de Deus, que Deus deu ao homem, e, você parece saber usá-lo muito bem! Vejo na minha frente hoje, aos dezoito anos, já um homem formado e de caráter e que daqui em diante vai encontra o resto da vida ao longo do caminho, estás preparado para a caminhada? Acredito que sim, nada e nenhuma de suas atitudes. 
Drummond achou uma pedra no caminho, você poderá achar várias pedras, mas não as cate do chão e jogue fora, não chute as pedras, meu filho, seja sábio! Saiba que as pedras existem para ensinar as maiores virtudes do ser humano: paciência, sabedoria, humildade, solidariedade, etc, seja complacente com as pessoas, saiba perdoar, respeite e imponha respeito. Aprenda a ouvir, mais do que falar... isso é muito importante no mundo em que estamos. Seja Observador... aprenda sobre as pessoas à sua volta pela observação. Nunca pense que sabe tudo, duvide de tudo quanto puder, queira que sua curiosidade o impulsione à aprendizagem... Almeje ter objetivos na vida e faça planos para que esses possam ser alcançados! Lute... agora você tem uma coisa que o homem sempre sonha ter e ser: dono do seu nariz! Para isso saiba primeiro onde está seu nariz... e aí, terá um bom começo! Te amo! Que dessa data em diante, você além de comemorar seu aniversário, possa comemorar o dia dos namorados também. Afinal, agora você já tem maturidade o bastante, para ter um relacionamento estável... Toda felicidade é o pouco que uma mãe pode desejar... mas tenha toda a felicidade do universo! Comemore esta data, sinta. Tire fotos, curta seus amigos! 
Guarde na memória este aniversário na escola, na D. Gerusa... são lembranças que serão inesquecíveis e juízo! Pondere sempre entre o que é certo e errado e, faça sua média, o seu limite! Minha Oração a Deus por este dia... 
Senhor, Quero agradecer pelo filho que me deste e possibilitasse ser gerado em meu ventre. Agradeço pelos 18 anos de vida desse jovem inteligente que ele é. Agradeço pelos amigos e parentes que o Senhor permitiu ele ter, principalmente, nesta data de hoje. Agradeço pela família que tenho e que é família dele. Agradeço pelas experiências dolorosas sofridas por ele, porque sei que cada uma delas é caminho para a aprendizagem. Agradeço as noites que ele teve febre, ou esteve doente, porque me possibilitaste estar ao lado dele e graças à Sua bondade foram poucos os momentos de dor! 
Quero agradecer pela vida do pai dele que nunca o conheceu, porque eu não o permiti. Sei que nunca conseguiria dar a ele esta figura paterna, sem a presença de meu irmão Roberto e de meu Pai. E peço perdão por não ter deixado que o pai o conhecesse... 
Senhor, Quero pedir... dê saúde, para que ele possa ter um belo e promissor futuro, tanto no amor, nos estudos e na profissão. Guie os passos dele... Eu confio nas promessa de Ti, ó Pai! Dê ao meu filho serenidade para perceber sempre o certo e o errado, trilhe seus caminhos na retidão... Faça do meu filho um homem justo, sincero e ético. Reserve a ele uma boa esposa, filhos... e sucesso profissional. 
Senhor, Quero glorificar o Teu Santo nome e do Nosso Senhor Jesus Cristo, mas colocar a vida do meu filho neste e todos os dias da vida dele, na mão de Nossa Senhora, a quem tenho toda devoção e a chamo de Mãe, por ter sido ela a escolhida pelo Senhor. Assim como também fui escolhida por Ti para ser mãe do Renato Flávio. E, mais uma vez agradeço por confiar a mim a vida desse ser maravilhoso que é meu filho! Obrigada, Senhor!

terça-feira, 10 de junho de 2008

Por quê?

Por quê?

Fez isso por quê?
Fiz porque quis
Fiz de síntese
Fiz com palavras
Fiz no pensamento
Sem lamento...
Fiz por você
Fiz para você
Fiz por amor
Encantei-me!

Este pequeno poema, escrevi aos 22 anos e foi publicado no Jornalzin' de Letras Ano I - Nº 01 Diretor Donizeti Rosa em 13/03/1992.

Falando de mim...

Quer saber como sou?

 SOU UMA PESSOA VERDADEIRA E É ISSO COM QUE ME IMPORTO....
♥ Quem conhece...acham-me um Espetáculo!
♥ Quem conviveu comigo.... ou me ama ou me odeia!
♥ Quem não quis...se arrependeu.
♥ Entender-me...Impossível!
♥ Amar-me...Inevitável!
♥ Ter-me...Quem sabe um dia!
♥ Esquecer-me... É só Tentar!!!
♥ Sou chata? Verdadeiramente!
♥ Sou metіda? Inveja é triste!
♥ Sou feіa? Tem quem ache!
♥ Sou bonita? Tenho espelho!
♥ Me ama? Bom pra nós!
♥ Me odeia? Entra na fila!
♥ Sou educada? Quase sempre!
♥ Sou mal educada? Você mereceu!
♥ Sou louca? Problema é meu!
♥ Tenho juízo? Quase nunca!
♥ Beijo bem? Já sabia!
♥ Sou humilde? Às vezes!
♥ Sou modesta? Nunca!
♥ Pego no pé? Sorte sua, isso quer dizer que gosto de você!
♥ Dei um fora? Não seja brasileiro, desista!
♥ Sou boa amiga? Demais!
♥ Sou boa inimiga? Se for inimiga - esqueço!
♥ Eu minto? Aprendi a não mentir!
♥ Duvida de mim? Paga pra ver!
♥ Eu amo? Talvez! 
♥ Eu odeio? Não... Sinto pena!
♥ Sou boa? Com certeza!
♥ Sou ruim? Tento não ser!
♥ Gostar de mіm? Fácil!
♥ Gostar de você? Conquiste-me!
♥ Sou complicada? Eu me entendo muito bem, sou hiper instável!
♥ Quando fico insuportável? Na TPM... eu tenho TPM.
♥ Quando me vê realizada? Contando histórias!

Eu não sou nada, mas sinto que sou tudo... porque afinal sou filha do Homem... Amo o que faço: Educar Sinto muito pela perda do meu irmão Roberto, que é recente, mas tenho boas memórias das nossas vidas em comum, o que me faz sentir saudades (vontade de ver de novo), saudades das histórias que vivenciamos juntos, de tudo que conversamos. As lembranças boas e as ruins sempre vão estar ligando-nos pela minha memória e pela existência eterna dele no universo... Deus permitirá, porque tenho fé nisso e na vontade do pai... Amo meus amigos, não consigo desejar o mal a ninguém, mesmo que seja um relegado à minha amizade... Tenho três homens importantes na minha vida: os filhos que Deus permitiu que fossem gerados no meu útero... Gosto muito de estudar... e nunca me contento com o pouco que sei, quero mais... Minha emoção é ser importante para os outros sempre... deixar marcas... as melhores... Tenho para mim que tudo na vida é relativo... que nada é para sempre, exceto a vida que vem após a morte... Amo viver, doar-me às pessoas, buscar a felicidade... buscar a sabedoria no tempo que faz de mim no tempo uma pessoa melhor... Acredito até no vigarista, até prova em contrário... Acredito que viver é isso... ser... Eu sou mais eu...

Reportagem publicada na internet da morte do meu primo Germano...

Toledo (Espanha), 30 mai (EFE) -

Um pára-quedista brasileiro e um piloto espanhol morreram hoje quando o avião no qual estavam caiu nas imediações do aeroporto da localidade de Lillo, no centro de Toledo (Espanha) por razões ainda desconhecidas. 
Fontes da companhia Air Compluto, que organizou o vôo, confirmaram para a Agência Efe as duas mortes. No pequeno avião, um Pilatus PC-6, viajavam outros nove pára-quedistas de várias nacionalidades que conseguiram saltar antes que a aeronave caísse, segundo as mesmas fontes, que precisaram que nem o piloto nem o brasileiro conseguiram sair do avião. 
Duas pessoas ficaram gravemente feridas e foram levadas ao Hospital Virgen de la Salud de Toledo e outros quatro se feriram levemente, e estão sendo atendidas no Hospital La Mancha Centro. Os outros três pára-quedistas não tiveram ferimentos. 
As fontes da empresa disseram que, por enquanto, se desconhece a causa do acidente e lembraram que a aeronave tinha sido usada hoje para seis saltos. Na quinta-feira, acrescentaram, o avião havia sobrevoado Madri para participar de um anúncio publicitário ao vivo para um canal de televisão britânico. EFE nac/dB 

http://www.estadao.com.br/internacional/not_int181345,0.htm http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1&section=Mundo&newsID=a1914727.xml

Homenagem ao meu primo Germano que faleceu em 30 de maio de 2008... num acidente de avião na Espanha... era pára-quedista...

Vendo os vídeos do meu primo no Youtube, percebemos que ele era um brasileiro que não negava a origem, sempre tinha uma roupa no corpo que levava a marca Brasil ou uma bandeira... até o tênis era verde e amarelo... 
Meu primo era das nuvens dos céus... do esporte e do ar... Deus o chamou... mas, não ficamos a sós. O Nosso Senhor e Nosso Pai está sempre ao nosso lado, devemos acreditar na vida, na vida que renasce após a morte! 
Germano era um rapaz do mundo... gostava do ar... do vento na cara... gostava de viver! 
Então, acreditamos em sua vida eterna! Meu primo, que sua partida seja chegada... O seu aniversário estava chegando... e já estava preparando meu recadinho de Feliz Aniversário, mas sua comemoração vai ser ao lado de Deus Pai Todo Poderoso... Amém! 

Visite o site dele http://www.picturetrail.com/germano72 http://www.youtube.com/user/germanouk

Dia 06 de Janeiro de 2008, aniversário de 45 anos de casados dos meus pais...

Meus amigos, 

Hoje é dia de Santos Reis, apesar de não ser devota, é uma data que marca a minha vida e a vida de meus irmãos... hoje, meus pais fazem 45 anos de casados, que não são 45 dias. 
É uma felicidade muito grande ver os pais da gente chegar neste momento da vida, poder comemorar uma vida inteira, um ao lado do outro. 
Vimos meus pais terem crises, por causa de traição, por causa de dinheiro, por causa de distância um do outro... vimos meus pais perderem entes queridos como meus avós, neta, filho (meu irmão)... vimos meu pai dar vida a outro filho fora do casamento, cuidar de filhos do outros... Mas, vi meu pai dizer que minha mãe era única, vi meu pai presente que nunca abandonou a responsabilidade de chefe da família, vi minha mãe depois dos filhos criados voltar a estudar com 33 anos e fazer dois cursos superiores e duas pós-graduações, vi minha mãe começar a trabalhar depois de ser avó, vejo agora eles com um bisneto, e, meu pai sempre amando cada vez mais os netos que tem e, valorizar cada um deles acompanhando o crescimento dos mesmos. 
Vejo meu pai ter amor à terra que sempre esteve na família, de geração em geração, tendo histórias pra contar de como é bom ter histórias... Não me lembro de nenhuma briga entre os dois, nem de meu pai chegar bêbado, porque ele nunca bebeu nenhuma bebida alcoólica e nem de fumar cigarros acabando com a própria saúde. Nem ele e nem minha mãe. Lembro-me da dor dos dois com acidentes sofrendo pelos filhos por causa de uma moto... Mas lembro-me da fé que os dois sempre tiveram em Deus quando tinham que atravessar cada problema desses. Lembro também, de como é conquistar bens na vida e perder, mas isso não prejudicar o amor de ambos... Lembro-me mais de que na infância era ela, minha mãe que cuidava da gente, que era a companheira de todas as horas... na alegria, na tristeza, na saúde e na doença e sei que vai ser assim até que a morte os separe. 
Hoje, orgulho-me de pais que ainda são pela família, instituição essa, que a maioria pessoas não acredita mais. Orgulho-me mais ainda, porque sei que há amor entre os dois, porque eles não conseguem viver um sem o outro. Que conseguiram passar por tempestades juntos, unidos. 
É hora de agradecer a Deus por cada experiência vivida por eles, como a chegada de cada filho, neto, que darão continuidade e perpetuarão a essa história de vida e de amor. 
Desejo que vocês, amigos e amigas, que ainda estão casados, possam viver essa felicidade! Que ainda possam comemorar datas como esta! Que quando chegar uma tribulação, Deus dê força para que possam superar. Que cada amigo e amiga que tenho, possa desfrutar de serem defensores da família. 
E “que nenhuma família comece e termine em qualquer de repente...” Hoje, estou muito feliz! E, que vocês possam ser felizes também! Daqui 5 anos quando chegar a Bodas de Ouro, vou querer convidá-los para celebrarmos a maior dádiva que o ser humano pode comemorar que é estar vivo, mas vivo vivendo ao lado de quem ama. Beijos!!! 


Amo vocês todos! E agradeço a Deus por viver este dia de felicidade! Até!

Carta escrita ao meu filho Renato Flávio Álvares da Silva em seu aniversário de 15 anos

Jaraguá, 12 de junho de 2005.

Renato Flávio, Querido filho,

hoje faz 15 anos que você nasceu. Foi uma alegria ver você nos meus braços naquele 12 de junho do ano de 1990. Você nasceu lindo! Um bebê saudável e com cara de anjinho. Esta semana, mamãe ficou pensando por horas o que poderia te dar de presente. Pensei... e, não vou negar que gostaria de poder dar o que você me pedisse. Mas, infelizmente, não poderia dar a você tudo quanto gostaria. Então descobri que a gente deve dar aos outros, e, principalmente aos nossos filhos, o que está ao nosso alcance. Permiti-me imaginar e descobrir o que está ao meu alcance. Muitas coisas me vieram à mente, mas como esta data significa muito, tinha que ser algo significativo, importante. E, durante anos, descobri o que sempre foi mais importante para mim. E acabei encontrando a resposta. Deveria lhe presentear com algo que passasse para você tudo quanto desejava que você conhecesse, vivesse e gostasse. 
Sei que você já está virando um homem, e olho para trás percebendo que 15 anos se passaram e me lembro de você ainda sugando nos meus seios pela primeira vez. Saber que pude dar-te carinho, amor e o alimento essencial para a vida: o leite materno . Você mamou 1 ano e um mês. O último mês foi escondido de todos, pois o vovô, a vovó, seus tios viviam brigando que já tava feio você levantar minha blusa para mamar a toda hora. Mas, você pedia e a mamãe entrava para o nosso quarto e amamentava você. Acho que é por isso que você é tão forte! Eu quero ver você um homem de caráter e personalidade forte. 
Nunca fui muito protetora, porque queria que você aprendesse a se defender sozinho. Quando me pediu para vir de Anápolis para Jaraguá, fiquei muito apreensiva e com muita dúvida se deveria deixa-lo vir. Mas você demonstrou ter uma opinião forte e decisiva. Gostava muito de estar em Jaraguá e queria morar com o vovô e a vovó. Nunca pense que deixei você vir para não estar próxima de você. Eu queria sua felicidade e em Anápolis não fez muitos amigos. 
O colégio onde estudou não incentivou-o a gostar da escola e fazer amigos. Vi que não era feliz por lá e que a vida da mamãe te preocupava. Você sofria com meus problemas financeiros. E, afasta-lo de lá não era a solução, só que tinha a nítida certeza que tanto a vovó e o vovô poderiam naquele momento ser para você exemplos melhores de conduta e comportamento. 
Hoje, sei que muito de você é um pouco da vovó e isso muito me alegra. Naquele ano, você ainda teria a companhia dos teus primos, que tanto gosta. Então, mesmo sendo criticada pelas outras pessoas, pensei mais em você do que em mim. Sinto, que às vezes, vou encarar muito do que não pude te dar como fracasso. 
É por isso, que estou desejando dar a você muito do que posso e dou valor: o CONHECIMENTO. Aprendi, meu filho, que pai e mãe não devem dar o peixe pronto aos seus filhos, mas devem ensiná-lo a pescar. Como fazer para que você aprenda isso? Então, fico pensando que você muito se parece comigo. Tem predisposição para a aprendizagem mas não definiu ainda o que gosta mais. Esta nova fase da sua vida que começa, será um longo, mas curto ao mesmo tempo, processo de formação da sua personalidade. E, não quero dar a você frases feitas, conselhos, nem exemplo da minha experiência de vida. 
Desejo que você viva suas próprias experiências. Só peço a Deus todos os dias para não deixar-te caminhar pela estrada do mal. Fazer coisas que possa se arrepender mais tarde, ou que através de caminhos tortuosos lhe afastará do bem, da necessidade de ser um homem correto, digno e que os outros respeitem e admirem. E é pensando assim, que nesta data quero lhe presentear com o que tenho de mais valoroso nesta vida: meus livros. São poucos, mas foram eles que me ensinaram tudo que sei. 
 Ter uma filosofia de vida, meu filho, é ter uma forma de como lidar com as pessoas e o mundo. E no mundo em que você está vivendo só colheremos bons frutos se plantarmos boas sementes. Plante amor e receberá amor, enfie espinhos e será espinhado. 
Entre o amor e a dor, quero para você tudo que o amor puder lhe dar. Nestes livros, estão uma aprendizagem que talvez você, só poderá entender o significado daqui alguns anos, quando já for uma homem feito. Espero que saboreei cada palavra, como se fosse um doce muito bom de se comer. Aprenda com eles no silêncio de cada tarde, meu querido filho. Pois, enquanto você estiver lendo estará conhecendo outros mundos, outras pessoas, outras vidas. Será muito diferente daqueles que com sua idade estarão nas ruas se drogando, roubando, matando. E, daqui uns anos, após a leitura destes e de outro que virão, poderemos conhecer um Renato – Doutor com muito conhecimento, capaz de argumentar e escrever coisas inéditas e ser um profissional com conhecimento que em qualquer roda de amigos surpreenderá. As mulheres te amaram pela sua sabedoria. Enquanto você estiver falando, muitas pessoas irão admirá-lo. Porque terá um papo agradável, um vocabulário rico. 
Aproveite! Pois tenho para mim, que Deus é que em forma de anjo, desceu no meu quarto e disse-me que este era o caminho. Poder te ensinar a gostar de ler. Amo você! 
E, hoje só tenho a agradecer a Deus por todos esses anos, pois não acreditava que conseguiria ser mãe de um garoto tão inteligente, bonito, esperto e obediente. Até hoje, só tenho a agradecer a Deus pelo ser humano que você é. E saiba que você tem nesta mãe, a sua melhor amiga. 
Confie sempre em mim, que poderei de onde estiver, ajudá-lo em todos os momentos da sua vida. Você me faz feliz! Parabéns! De sua mãe e irmãos...

Homenagem ao meu irmão Roberto

Estou procurando o sentido para a vida, mesmo aceitando que a morte não é o fim, mas o começo...
Dia 06/04/2008: um mês que meu irmão se foi...
Dói lembrar, dói sentir a ausência, dói não ter a presença, saber que não haverá mais encontros... que o desencontro tomou conta...
 É pau é pedra/É o fim do caminho/É um resto de toco/É um pouco sozinho... É um caco de vidro/É a vida é o sol/É a noite é a morte/É um laço é o anzol... .....................................................
É madeira de vento/Tombo da ribanceira/É um mistério profundo/É o queira ou não queira... É a chuva chovendo/É conversa ribeira/Das águas de março/É o fim da canseira... ...................................................... É o fundo do poço/É o fim do caminho/No rosto um desgosto/É um pouco sozinho... É um estrepe é um prego/É uma ponta é um ponto/É um pingo pingando/É uma conta é um conto....................................................
É a lenha é o dia/É o fim da picada/É a garrafa de cana/Estilhaço na estrada...
É o projeto da casa/É o corpo na cama/É o carro enguiçado/É a lama é a lama...
É um passo é uma ponte/É um sapo é uma rã/É um resto de mato/Na luz da manhã... São as águas de março/Fechando o verão/E a promessa de vida/No teu coração... São as águas de março/Fechando o verão/E a promessa de vida/No teu coração...

Nunca vou esquecer, meu irmão Roberto, que "as águas de março" te levaram pra junto de Deus Pai Todo Poderoso... Essa é a comunidade que criei para ele, adicionem os que conviveram com ele... se aproxeguem... http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=48409873

Quando perdi meu irmão Roberto Manoel Álvares da Silva

Já se passaram dias que meu querido irmão se foi, mas tenho a fé em Deus e sei que ele está sob sua graça, acredito muito também no que Rui Barbosa escreveu: "A morte não divorcia, aproxima... Não aniquila, transforma... Não extingue, renova..." 
 Meu irmão, pela graça e misericórdia do Senhor Nosso Deus, ainda nos encontraremos, e para glória do Senhor, será para a eternidade. Sempre te amei, mas nunca dei conta de chamar-te de compadre. Mas, vc foi o padrinho do meu primeiro filho e, pode ter a certeza de que ele o amava muito! Hoje é dia 27 de março de 2008, faz 21 dias que meu irmão faleceu. A alma dói! 
Essa separação é inesgotável. É o segundo irmão que se vai... Mas, nunca esperava que o Roberto fosse tão rápido. 41 anos é pouco demais pra quem tinha que viver uma vida inteira... agora fico com as lembranças das nossas brigas de infância, do quanto éramos insuportáveis um com o outro, parecíamos cão e gato. 
Lembro do dia em que ele eu apanhamos da minha mãe porque tiramos o pau da cadeira de descanso e o pano ficou solto, era pra o Veto meu primo sentar, mas quem sentou foi minha mãe, ela estava com o prato de comida na mão para ver o Jornal Nacional. Só vimos quando ela virou pra trás caindo de cabeça e a surra foi inevitável. Outra vez ele me fez cair do pé de abacate. Eram brigas constantes... Mas lembro-me também da inveja que eu tinha dele porque sempre estudou em colégios particulares, por causa do problema de audição, meus pais achavam melhor, no entanto, quando estava fraco em alguma matéria, tínhamos que ter aulas particulares, eu era obrigada a ir também. 
Nossas professoras foram a Ana(nossa vizinha) e a Cida ( filha da Dona Ana). Nas músicas, tínhamos os mesmos gostos, acho que por influência do Beto (irmão mais velho). A música que mais faz-me lembrar dele é “Bailarina”, que acho que foi a única música que ele cantava toda, sabia toda a letra. 
Quando meu filho nasceu, o Renato Flávio, não deu outra, tinha que ser ele o padrinho junto com a Simone (minha irmã querida – a caçula). Muitas vezes, ele e a esposa dele – a Angelita é que cuidaram do Renato pra eu estudar, fazer a faculdade. 
Quantas vezes, meu irmão embriagado, me abraçava e dizia o quanto me amava. A nossa última conversa foi numa madrugada de janeiro deste ano, lá na fazenda, ele me dizia o quanto queria lagar o vício de beber e o medo que tinha da vida, porque nunca conseguiria ir muito longe, porque não quis estudar. Eu falei pra ele do amor próprio que temos dentro da gente e que nos faz prosseguir na vida. 
Do desejo de vencer por amor a entes queridos, que ele tinha 4 filhos maravilhosos e um neto, que faltava-lhe objetivos. Ele me contou suas tristezas e dizia assim: minha irmã, eu quero sonhar,eu amo minha mãe, é a melhor mulher do mundo. Lembrei-lhe dos cinco anos que ficou sem beber, quando freqüentava o AA, e da promessa que eu fiz e cumpri: fiquei dois anos sem beber para ele largar da bebida, cumpri a promessa e esperei a graça depois e ela veio. Foram 5 anos sem um gota de álcool. Mas, acabou voltando... para infelicidade dele próprio. 
Meu irmão era de paz, nunca brigou com ninguém de guardar mágoas... era fraco, a bem da verdade, não tinha perseverança com as habilidades que Deus lhe deu, tocava instrumentos de ouvido, como a flauta. Entalhava madeira muitíssimo bem! Sabia e tinha várias habilidades com eletricidade e fazenda. É. Ele sabia nadar! Sabia muito bem... mas Deus deixou-o se atrapalhar com as “águas de março”. 
Eu não sei o que dói mais: se a vontade de voltar o tempo e dizer as coisas não ditas, ou se pegá-lo no colo para ninar e fazê-lo adormecer sem sentir as dores da vida, ou se esperar o reencontro. Porque não houve despedida, eu não pude dizer a ele tudo quanto queria. Dizer-lhe que era uma criança e que precisava de ajuda... que várias mãos estavam estendidas, só bastava ele dizer sim. Que Deus o tinha por filho, que ele era filho do dono do mundo. Queria sim, mais dois minutos com ele... pra realizar o encontro, mesmo que pela net, dele com os filhos, mostrar a Lethícia e o Gilberto no Orkut. Colocá-lo para falar com a Bárbara com webcam ligada e microfone e os dois poderem dizer: eu amo você, um para o outro. 
Queria vê-lo dar o último abraço em minha mãe, em meu pai, no seu filho João Gabriel, abraçar a Kátia e dizer o quanto a amava e ver no rosto dele um sorriso, de quem estava feliz. 
Queria escutar o Renato pedir a sua benção pela última vez e dar um abraço muito forte de sentir a felicidade penetrar a alma. Senhor,Pela sua misericórdia, perdoe todos os pecados do meu querido irmão e leve-o a vida eterna, sob seu desejo e sua graça! Amém!